Portugal entrou a ganhar no Euro 2020, esta terça-feira, com uma vitória sobre a Hungria, em jogo a contar para a primeira jornada do grupo F. A partida só se resolveu nos últimos dez minutos, quando a seleção portuguesa desbloqueou o marcador e partiu para uma vitória folgada.

Foi debaixo de uma ensurdecedora onda de assobios que Portugal entrou na Puskás Arena, em Budapeste. Os adeptos húngaros fizeram valer a vantagem de jogarem em casa e acenderam desde cedo a chama da partida. Tal como tinha dito Ronaldo, este foi o “ambiente perfeito”. O capitão da seleção bateu mais um recorde ainda sem entrar em campo: o astro da Juventus é o primeiro jogador a estar presente em cinco Campeonatos da Europa consecutivos. Mas os motivos de celebração não ficariam por aí. 

Nos onzes iniciais ficaram esclarecidas as dúvidas: Fernando Santos optou pela dupla William Carvalho e Danilo Pereira. Marco Rossi colocou Botka na defesa e mexeu nas peças do meio campo.  

Na primeira parte a bola só falou português. Num jogo intenso desde o começo, com Portugal a pressionar alto a saída de bola da Hungria, Diogo Jota disse presente logo aos cinco minutos. O avançado do Liverpool saiu da esquerda, apareceu nas costas dos centrais, recebeu de Bernardo Silva, rodopiou e rematou ainda de fora da área para a defesa de Gulácsi.

Entre Diogo Jota e Cristiano Ronaldo, Portugal contou com várias oportunidades para se adiantar no marcador. Brilhava, a esta altura, o guardião húngaro, Peter Gulácsi. 

A fechar a primeira parte, a derradeira chance esteve mesmo nos pés de Ronaldo. Aos 43 minutos, Bruno Fernandes cruzou para a área, Diogo Jota tentou desviar com o calcanhar e a bola sobrou para Ronaldo que ficou na cara do guarda-redes, mas rematou por cima da baliza húngara.

Notava-se que Portugal estava com dificuldades em jogar dentro do bloco adversário, optando quase sempre por atacar pelos corredores laterais.

Dez minutos alucinantes

Na segunda parte a história foi diferente. A Hungria entrou motivada e os portugueses deram espaço para que a seleção magiar criasse perigo junto da baliza de Patrício, que até então tinha sido um mero espectador da partida.

Portugal conseguiu recuperar o controlo do jogo, mas o ritmo não era o mesmo e o golo não aparecia. O tempo ia passando e os húngaros estavam cada vez mais satisfeitos com o resultado. 

E foi mesmo a Hungria a primeira a marcar: aos 80 minutos, Schon fugiu à defesa portuguesa e colocou a bola dentro da baliza. Portugal pôde respirar de alívio quando viu o golo ser anulado por fora de jogo. E começavam assim os minutos finais verdadeiramente alucinantes.

Aos 83 minutos, Rafa – que entrou para substituir Bernardo Silva – fugiu na direita, atirou contra Atilla Szalai e a bola encontrou Raphael Guerreiro. O lateral esquerdo rematou, a bola raspou ainda no defesa Orbán e entrou junto ao poste direito da baliza húngara. 

Portugal estava na frente e, três minutos depois, foi assinalada grande penalidade a favor da equipa das quinas, após falta de Orbán sobre Rafa. E como é habitual, Ronaldo assumiu e a bola entrou. Estava 2-0 e houve ainda tempo para mais.

Já no período de compensação, e numa jogada a lembrar poesia, a bola chegou ao capitão português que tabelou com Rafa, enganou o guarda-redes Gulácsi e fuzilou a baliza agora aberta, bisando na partida. Cristiano Ronaldo está agora com 106 golos pela seleção e tornou-se o melhor marcador de uma fase final de um campeonato europeu, com 11 golos no total, superando o recorde de Michel Platini.

O orgulho de uns e a desilusão de outros

Soava o apito final que ditava a vitória portuguesa na estreia do Campeonato da Europa. Resultado que Fernando Santos considerou “justo”. O técnico destacou o bom jogo da equipa e realçou que “o importante era marcar” até porque “o golo está caro”. Em resposta às declarações do selecionador húngaro, na conferência de antevisão, o engenheiro confessou, “com toda a franqueza”, o “orgulho enorme em ser motorista” da equipa portuguesa, terminando a resposta com um piscar de olho ao repórter presente na flash interview

Já o selecionador húngaro afirmou estar “desiludido” com o facto de os húngaros terem sofrido “três golos em dez minutos”. Rossi disse assumir “ a culpa “ da derrota, pelas alterações que fez na equipa. 

Portugal lidera agora o Grupo F com os mesmos pontos da França, que venceu a Alemanha por 1-0, no outro jogo do grupo. O próximo desafio da seleção portuguesa é já no sábado, dia 19, às 17h00, frente à Alemanha, em Munique. A Hungria defronta a França, no mesmo dia, em Budapeste às 14h00. 

Artigo editado por João Malheiro