A norte-americana está livre do vírus há 14 meses, após ter sido submetida a um transplante de células estaminais resistentes ao microrganismo.

Esta terça-feira  (15), foi anunciado que uma norte-americana com leucemia é a primeira mulher, e a terceira pessoa, a ser curada ao vírus da imunodeficiência humana (VIH), após receber um transplante de células estaminais de um doador naturalmente resistente ao vírus causador da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA).

O feito, apresentado durante a Conferência sobre Retrovírus e Infeções Oportunistas, em Denver, é também o primeiro que envolve sangue do cordão umbilical, uma nova abordagem que pode permitir que o tratamento fique disponível para um maior número de pessoas.

Desde que recebeu o tratamento com sangue do cordão umbilical para combater a leucemia mieloide aguda – um cancro caracterizado por uma desregulação da medula óssea – a mulher tem estado em remitência, ou seja, com uma interrupção ou diminuição dos sintomas, e livre do vírus há já 14 meses. Isto sem necessitar do tratamento que combate o VIH, que consiste na toma de medicamentos antirretrovirais.

Ao contrário da paciente americana, os dois homens que também estão curados da doença receberam células estaminais adultas, um tratamento mais utilizado em transplantes de medula óssea.

Este caso faz parte de um estudo conduzido pela doutora Yvonne Bryson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), e pela doutora Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore. O objetivo do projeto é seguir 25 pessoas com VIH que são submetidas a um transplante de células estaminais extraídas do sangue do cordão umbilical para o tratamento de cancro e outras condições mais severas.

Antes do transplante, os participantes no ensaio são submetidos a sessões de quimioterapia para eliminar as células cancerosas. Só depois é que os médicos efetuam a transplantação das células estaminais provenientes de indivíduos com uma mutação genética específica que faz com que estes não tenham os recetores de que o vírus da SIDA necessita para infetar as células.

O estudo sugere que um elemento crucial para o sucesso é, precisamente, a transferência de células resistentes ao VIH. Anteriormente, os cientistas acreditavam que o efeito secundário do transplante de uma célula estaminal comum, chamado de “doença do enxerto contra o hospedeiro” – no qual o sistema imunitário do doador ataca o homólogo do recetor -, tinha um papel importante numa possível cura.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha