Desde a recomendação do Comité Olímpico Internacional (COI), emitida na segunda-feira, para que as organizações desportivas banissem a Rússia e a Bielorrússia de todas as competições, o desporto uniu-se e a maioria aderiu ao boicote à Rússia. Os últimos dias têm sido marcados por um aumento de suspensões de equipas e seleções russas e bielorrussas em várias provas internacionais.

De A a Z estão, em baixo, as sanções aplicadas até agora pelo mundo do desporto às duas nações.

Atletismo

A Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla inglesa) anunciou, esta quinta-feira, sanções à Rússia e Bielorrússia. No comunicado de imprensa, lê-se que atletas, pessoal de apoio e oficiais russos e bielorrussos estão banidos de participar em todos os eventos mundiais de atletismo, com efeito imediato. A Federação Russa de Atletismo já se encontrava suspensa desde 2015 devido a violações por ‘doping’, mas está agendada uma reunião para 9 de março para proceder à suspensão da Bielorrússia. O presidente da IAAF, Sebastian Coe, disse: “Quem me conhece, irá perceber que impor sanções a atletas devido a ações do governo é pouco usual. Eu tenho reclamado contra a prática de políticos atingirem atletas e o desporto ter opiniões políticas, quando outros setores seguem com a sua vida. Isto é diferente, visto que governos, negócios e outras organizações internacionais impuseram sanções e medidas contra a Rússia em todos os setores. O desporto tem de se erguer e juntar-se a estes esforços para acabar esta guerra e restaurar a paz.”

Automobilismo

A FIA (Federação Internacional de Automobilismo), num comunicado, esta terça-feira, anunciou que as equipas russas e bielorussas, bem como as corridas que estavam previstas nos dois países, foram suspensas. Além disso, os membros da FIA de nacionalidade russa ou bielorussa foram forçados a deixar “temporariamente” os seus cargos. Contudo, o organismo fez saber que os pilotos russos e bielorussos poderão continuar a competir, mas sem representação de símbolos, bandeiras ou cores sugestivas dos países. O grande prémio de F1 da Rússia, que se ia realizar de 23 a 25 de setembro em Sochi, já tinha sido cancelado, tendo o organismo alegado que seria “impossível realizar o GP da Rússia nas circunstâncias atuais”.

Basebol e Softbol

A WBSC (Confederação Mundial de Beisebol e Softbol), num comunicado feito na segunda-feira, anunciou que vai excluir os atletas da Rússia e Bielorrússia de futuras competições da confederação.

Basquetebol

No basquetebol, as equipas russas foram suspensas das ligas europeias. A medida afeta o CSKA Moscovo, UNICS Kazan e Zenit São Petersburgo, que jogam na Euroliga, e o Lokomotiv Kuban Krasnodar da Eurocup. Numa primeira instância, o conselho executivo da Euroliga apenas tinha proibido jogos na Rússia, mas, numa posição final, o organismo decidiu ir mais longe e castigar as equipas russas: “A Euroliga e os seus clubes reiteram o seu firme compromisso com a paz, contra qualquer ato de violência ou guerra, e continuarão a usar a sua voz para promover o respeito, a inclusão e a diversidade, valores que estão na base da organização e das suas equipas”, pode ler-se no comunicado.

Canoagem e Remo

A ICF, federação internacional de canoagem, em comunicado oficial, na terça-feira, suspendeu os atletas russos e bielorrussos das suas competições. A World Rowing foi pelo mesmo caminho e também comunicou a exclusão dos atletas dos dois países.

Ciclismo

Em comunicado emitido esta terça-feira, a União Ciclista Internacional suspendeu as equipas e seleções nacionais russas e bielorrussas e os campeonatos nacionais dos dois países deixam, também, de ser oficializados pela UCI. Equipas como a Gazprom-RusVelo, do ProTour, e CCN Factory Racing e Minsk Cycling Club, da Bielorrússia, deixam, desta forma, de poder competir. Os ciclistas russos e bielorrussos podem continuar a participar nas provas de ciclismo, desde que não estejam associados a equipas dos seus países, visto que emblemas, bandeiras, nomes ou hinos ligados à Rússia ou Bielorrússia estão proibidos em eventos internacionais organizados pela União Ciclista Internacional. Os dois países deixam ainda de se poder candidatar ao acolhimento de provas e eventos internacionais de ciclismo.

Curling

Na passada segunda-feira, a Federação Mundial de Curling anunciou que adotou um regulamento de emergência que permitirá retirar uma equipa ou membro associativo de um evento caso se conclua que a sua presença possa prejudicar o evento ou a segurança dos participantes. “A Federação Mundial de Curling condena veementemente a ação militar levada a cabo pelo governo Russo na sua invasão à Ucrânia e continua a ter esperança por uma rápida e pacífica resolução da situação”, lê-se em comunicado oficial da federação. Caso não haja objeções dos membros associativos da mesma, será iniciado o processo de retirada das equipas russas de campeonatos mundiais femininos e masculinos, agendados para 15 de março e 2 de abril, respetivamente.

Esqui

A Federação Internacional de Esqui, após pressões nomeadamente exercidas pela Federação Norueguesa de Esqui (que afirmou que atletas russos e bielorrussos não participariam em eventos por si organizados, independentemente da posição da federação) baniu igualmente atletas dos dois países de participarem em eventos da federação.

Futebol

O início da semana desportiva arrancou com um comunicado conjunto da FIFA e da UEFA sobre o conflito na Ucrânia. As duas organizações demonstraram solidariedade e respeito para com com o povo ucraniano: “Ambos os presidentes esperam que a situação na Ucrânia melhore significativa e rapidamente para que o futebol possa voltar a ser um vetor de unidade e paz entre os povos”. Os organismos supremos do futebol mundial tomaram uma posição e anunciaram que as seleções e equipas russas estão suspensas de todas as competições.

Assim, o Spartak de Moscovo, que ia defrontar o RB Leipzig, nos oitavos de final da Liga Europa, fica fora da competição e os alemães seguem, diretamente, para a próxima fase.

A seleção russa de futebol também foi, desde logo, afetada, depois de a FIFA ter comunicado que os russos teriam de jogar o play-off de acesso ao Mundial, em campo neutro, sem espectadores, sem hino e não sob designação da federação russa de futebol e não do país. Depois de ter sido contestada por algumas federações, a FIFA acabou por ir mais longe nas medidas e banir a Rússia da competição.

A Polónia, adversária da Rússia no play-off, já tinha marcado posição ao dizer que se recusava a entrar em campo frente aos russos. Suécia e República Checa, possíveis adversários da seleção russa no play-off, também se tinham insurgido e, antes do comunicado, já tinham anunciado que não jogavam contra a Rússia, perante a situação atual.

O local da final da presente edição da Liga dos Campeões, que era São Petersburgo, mudou para Paris. A decisão de levar o jogo para o Stade de France foi tomada na sexta-feira (25), antes do comunicado.

Além disso, a UEFA rompeu o contrato com a Gazprom. Também Schalcke 04 cancelou o patrocínio com a empresa de gás russa, que era uma imagem de marca das suas camisolas há 15 anos. A venda de camisolas sem o patrocinador russo disparou nos dias seguintes, segundo o clube. Também a Adidas suspendeu a ligação com a federação russa de futebol.

Futsal

As medidas da UEFA e da FIFA abrangem também o mundo futsal. O Tyumen, que ia marcar presença na final four da Liga dos Campeões de futsal, já foi afastado da principal competição europeia de futsal – na qual ainda estão Benfica e Sporting.

Hóquei no Gelo

A Federação Internacional de Hóquei no Gelo também suspendeu as equipas e seleções nacionais da Rússia e Bielorrússia. A decisão foi tomada pelo conselho da federação em reunião extraordinária que teve lugar na segunda-feira, na qual ficou ainda definida a retirada do Campeonato Mundial de Juniores de 2023 da Rússia.  “A Federação Internacional de Hóquei no Gelo condena veementemente o uso de força militar e apela ao uso de meios diplomáticos para resolver o conflito”, lê-se no comunicado da federação. O presidente da mesma, Luc Tardif, afirmou ainda que a federação ficou “incrivelmente chocada ao ver as imagens vindas da Ucrânia”, e que “espera que o conflito possa ser resolvido de forma pacífica sem necessidade de mais violência”.

Natação

Em comunicado de imprensa, a Federação Internacional de Natação (FINA) proibiu igualmente atletas e oficiais russos e bielorrussos de participar em eventos a representar o seu país, podendo apenas competir como neutros. Está incluído o cancelamento do Campeonato Mundial de Mergulho e Natação Artística, que teria lugar em Kazan, na Rússia, de 8 a 10 de abril. Para além disso, a FINA anunciou ainda que o prémio atribuído pela federação a Vladimir Putin em 2014 foi retirado. Ainda no comunicado, a FINA afirma que “continuando a opinião de que o desporto deveria permanecer politicamente neutro, a FINA condena todos os atos de agressão e está extremamente preocupada com o agravamento do conflito na Ucrânia”.

Em concordância com a FINA, a Liga Europeia de Natação (LEN), em comunicado emitido esta quinta-feira, também optou por não convidar atletas russos e bielorrussos para eventos da organização. “Nenhuma competição da LEN terá palco em território russo ou bielorrusso até aviso contrário”, pode ler-se no comunicado.

Para além disso, a LEN acrescentou que irá “apoiar uma iniciativa humanitária concreta das Federações croatas de mergulho e natação artística com o intuito de acolher atletas ucranianos e os seus familiares como refugiados”, num projeto que é, também, apoiado pela FINA. A iniciativa permitirá, assim, que os atletas ucranianos continuem a treinar e a representar o seu país em competições internacionais.

Patinagem

Os patinadores russos e bielorrussos foram banidos de participar em competições internacionais de patinagem pela União Internacional de Patinagem que anunciou, em comunicado emitido esta segunda-feira, que após avaliar a recomendação do Comité Olímpico Internacional, a União concordou que “com efeito imediato, nenhum patinador pertencente a membros russos da União Internacional de Patinagem e da Bielorrússia será convidado ou permitido a participar em competições internacionais de patinagem no gelo, incluindo campeonatos e eventos da União Internacional de Patinagem.”

Râguebi

As seleções nacionais da Rússia e da Bielorrússia foram suspensas, pela World Rugby, de todas as atividades ligadas ao desporto, em comunicado emitido esta terça. A União de Râguebi da Rússia foi igualmente suspensa da filiação com a World Rugby. “A decisão foi tomada de acordo com os interesses dos valores do râguebi de solidariedade, integridade e respeito. O World Rugby mantém contacto com colegas da Federação Ucraniana de Râguebi e declarou o seu apoio total à comunidade do râguebi do país.” – escreve a organização.

Ténis

A mais alta entidade do ténis mundial também marcou posição e sancionou a Rússia e a Bielorrússia. A ITF (Federação Internacional de Ténis) anunciou, num comunicado publicado terça-feira, “a suspensão imediata da Federação Russa de Tênis e da Federação Bielorrussa de Ténis da associação e da participação na competição internacional de equipas até novo aviso”. Tal como aconteceu no mundo automobilístico, também a ITF cancelou todas as competições previstas para a Rússia e Bielorrússia. Os países também estão impedidos de participar na Taça Davis e na Billie Jean King Cup, competições das quais a Rússia é a atual campeã. Individualmente, os atletas poderão continuar a competir sem ser sob a representação dos países.

Voleibol

O Campeonato Mundial de Voleibol masculino, que teria casa na Rússia, já não vai acontecer no país que invadiu a Ucrânia, visto que a Federação Internacional de Voleibol retirou os direitos de anfitrião aos russos. Para além disso, as equipas, oficiais e atletas (incluindo de voleibol de praia e de neve) russos e bielorrussos serão suspensos de todos os eventos. “A Federação Internacional de Voleibol permanece gravemente preocupada com a guerra que decorre na Ucrânia e com o seu horrendo impacto nas vidas de tantos, e permanece solidária com a comunidade do voleibol e com o povo ucraniano, e espera sinceramente que uma resolução pacífica possa ser encontrada com urgência.”, lê-se no comunicado da federação.

Também nos Jogos Paraolímpicos de Inverno, o Comité Paralímpico Internacional anunciou, esta quarta-feira, que os atletas russos e bielorrussos, embora possam participar nos Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim’2022, terão de competir sob bandeira neutra e não serão incluídos no quadro de medalhas. O comunicado surgiu dois dias antes do início da competição, que arranca esta sexta-feira e se prolonga até 13 de março.

Artigo editado por Filipa Silva