A editora foi criada em plena pandemia e tem como lema o termo “livre-se”. O objetivo é mostrar o talento de autores portugueses e apostar unicamente na literatura nacional, para tentar inverter as tendências de fraca leitura no país.

Raquel C. Vicente, fundadora da Velha Lenda. Foto: D.R.

Velha Lenda é a nova editora tradicional portuguesa, que chegou para dar uma nova voz a autores nacionais. Criada por Raquel C. Vicente, uma jovem mulher que se define como “empreendedora e criativa”, com capitais próprios, a editora já tem 12 livros publicados e quatro em pré-venda.

Raquel tem 26 anos, é natural de Rio Maior, em Santarém. Leitora assídua e atenta ao mercado editorial português, sentiu que podia fazer a diferença neste segmento. Nasceu assim a ideia da Editora Velha Lenda, num país onde mais de metade da população não leu um único livro no último ano, segundo um estudo da Universidade de Lisboa para a Fundação Calouste Gulbenkian. Esta jovem quis, então, inverter a tendência

A Velha Lenda foi criada em plena pandemia e descreve-se como uma “editora tradicional”, nos moldes de outras já conhecidas. A aposta está num catálogo “diverso”, dando preferência ao géneros de Romance, Biografia e Ficção Especulativa, exclusivamente de autores nacionais. Aposta em obras “de qualidade” e “temas atuais “, que vão de encontro às necessidades do leitor, respeitando “sempre” o mercado atual e evitando situações de sobreprodução, explicam em comunicado.

A Velha Lenda vem oferecer aos novos autores nacionais uma oportunidade de serem publicados numa editora tradicional, com o “selo de qualidade” adjacente a este tipo de publicação. “Em Portugal, as editoras dedicam os seus catálogos a bestsellers estrangeiros e reservam um canto muito diminuído a autores nacionais, não havendo uma aposta genuína em novos talentos”, defende Raquel C. Vicente, fundadora da editora. 

Relativamente ao facto de ser uma jovem empreendedora, com apenas 26 anos, Raquel Vicente não tem dúvidas: “ouvi muitas vezes que isto era um sonho de menina, e existe muita condescendência neste ramo quando somos mulheres, mas o meu objetivo é tornar a Velha Lenda no local perfeito para qualquer escritor iniciar a sua carreira, e claro, valorizar a literatura portuguesa”. 

Criada com o investimento de cerca mil euros, a Velha Lenda conta triplicar o seu catálogo no próximo ano, uma vez que está presente na distribuidora Convergência, uma das maiores plataforma do mercado literário, distribuindo títulos para lojas como a FNAC, Bertrand e WOOK mas também algumas livrarias independentes.

Raquel Vicente explica que este foi um “investimento pequeno”, feito “com muito esforço”, mas que serviu para “tornar a Velha Lenda numa editora autossuficiente, financiar os serviços necessários para garantir a qualidade dos livros e não contrair dívidas, possibilitando a aposta em novos autores”. 

A editora tem já múltiplos títulos editados: “Soberba Escuridão” de Andreia Ferreira; “Missão D4017” da autoria de Pedro Beckett; “O padre” e “Máfia Rossa” de Hélène White; “Kankan”, “Os Firôpe” e “Vida Censurada” de Francisco Ramalheira; “Benedita” da autoria de Filipa Carujo; “O Ressurgir dos eternos titãs” de Raquel C. Vicente; ou “A menina dos doces” de Pedro Cipriano, entre outros.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha