A última edição da Revisão Trimestral do Emprego e Desenvolvimento Social na Europa, que analisa a evolução social e de mercado na União Europeia, indica que mulheres mais novas sofrem menos com a diferença salarial e revela que taxa de empregabilidade é a maior desde o século passado.

Relatório conclui que as disparidades salariais aumentam com a idade. Foto: Unsplash

Jovens trabalhadores europeus enfrentam menores disparidades salariais de género do que os seus colegas mais velhos, indica o estudo realizado pela Direção-Geral do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão da Comissão Europeia (CE). Os resultados, apresentados na última edição da Revisão Trimestral do Emprego e Desenvolvimento Social na Europa (ESDE), apontam que os homens jovens tendem a ganhar mais porque têm cargos mais bem pagos, ao tempo em que as mulheres jovens tendem a ganhar salários mais altos porque são mais instruídas.

A edição de 2022 leva em consideração o Ano Europeu da Juventude e apresenta um enfoque temático específico no fosso salarial entre homens e mulheres jovens. Além disso, o relatório faz uma análise da evolução social e do mercado de trabalho na União Europeia (UE) nos últimos meses.

“Os jovens estão num momento crucial hoje. Por um lado, estão entre os grupos mais afetados pelos impactos da pandemia no mercado de trabalho. Por outro lado, surgem novas oportunidades como, por exemplo, no contexto do envelhecimento da população ou das transições digital e verde”, lê-se no relatório. 

Para a realização da revisão, a CE considerou diversos fatores que favorecem a desigualdade da remuneração, como a segregação de género em ocupações e atividades, estruturas salariais opacas, além de estereótipos e discriminação de género. “A importância dos diferentes fatores por detrás das disparidades salariais provavelmente varia entre as faixas etárias”, diz o documento. 

Com base no levantamento, as jovens europeias de 25 a 29 anos recebem 7,2% a menos no início de suas carreiras profissionais, o que equivale à metade da diferença observada entre os trabalhadores mais velhos. Dessa forma, “as disparidades salariais aumentam com a idade, muitas vezes devido a uma maior probabilidade de interrupção da carreira devido às responsabilidades paralelas” que as mulheres acarretam socialmente, salienta o relatório. 

Além disso, características como aspirações de carreiras e escolhas de campos educacionais podem explicar os diferentes valores salariais. “Os homens tendem a dominar certos campos nos estudos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, enquanto as mulheres representam a maioria dos alunos na educação, saúde e bem-estar. Ou seja, as diferenças no nível de escolaridade favorecem a remuneração das mulheres jovens em comparação com a dos homens”. 

A revisão também estuda os índices de empregabilidade na UE nos últimos meses. No quarto trimestre de 2021, o emprego total aumentou pelo terceiro trimestre consecutivo e chegou ao nível mais alto desde 1998. Agora, há mais oportunidades de emprego em todos os setores – com exceção do agrícola. 

O desemprego entre os mais jovens também diminuiu em todos os países-membros da UE e 2022 é o ano com a menor taxa já registada.

“Usar apenas metade da população não é suficiente”

O fim das disparidades salariais foi assinalado pela Comissão Europeia como uma prioridade no seu relatório do plano de Estratégia de Igualdade de Gênero 2020-2025, lançado no ano passado.

“A igualdade de género é um princípio fundamental da União Europeia, mas ainda não é uma realidade. Usar apenas metade da população, metade das ideias ou metade da energia não é suficiente. Com a Estratégia de Igualdade de Género, estamos a pressionar por mais e mais rápido progresso para promover a igualdade entre homens e mulheres”, referiu a presidente da CE, Ursula von der Leyen

O plano estabelece ações-chave que deverão ser realizadas nos próximos cinco anos, as quais objetivam acabar com a violência e os estereótipos de género, assegurar a igualdade de participação e oportunidades no mercado de trabalho, incluindo a igualdade de remuneração, além de alcançar o equilíbrio de género na tomada de decisões sociopolíticas

Artigo editado por Tiago Serra Cunha