José Queiroz, da APDES, alerta que depois de concluídas as obras, o processo de abertura será gradual. Profissionais vão receber formação daqueles que cumprem funções semelhantes na sala de consumo protegido de Lisboa.

A instalação da Sala de Consumo Assistido do Porto ainda decorre. Foto: Maria Andrade

Na Rua 25 de Julho, junto ao Bairro da Pasteleira, a estrutura amovível que vai acolher a futura sala de consumo assistido do Porto já é visível, mas as obras da instalação ainda decorrem. Na reunião do Executivo camarário de dia 13 de junho, o presidente da autarquia, Rui Moreira, estimava que a obra estivesse concluída a 23 de junho. No entanto, como o JPN pôde verificar no local, os trabalhos prosseguem no interior e nas imediações dos contentores.

José Queiroz, da Agência Piaget para o Desenvolvimento (APDES), entidade que coordena o consórcio responsável pela gestão da sala, explicou ao JPN que ainda faltam cumprir algumas etapas no processo. Falta ainda tratar, por exemplo, da instalação da água e da luz e da formação dos profissionais que vão trabalhar no espaço. Essa formação vai ser dada por aqueles que cumprem as mesmas funções na “sala de chuto” de Lisboa. Assim sendo, a sala de consumo assistido ainda deverá demorar cerca de dois meses até receber os seus primeiros utilizadores.

“O dispositivo físico ser-nos-á entregue pela Câmara Municipal do Porto brevemente, mas isso não significa a sua abertura imediata à população de utilizadores de drogas da cidade”, reforçou o responsável num esclarecimento posterior enviado ao JPN.

Sala de consumo assistido do Porto ainda em obras. Foto: Maria Andrade

José Queiroz salienta ainda que o consórcio vai querer ouvir os moradores desta zona da cidade, os comerciantes locais e articular com a polícia Municipal e de Segurança Pública o funcionamento do local. “A abertura da Sala de Consumo Protegido é um processo gradual e cuidadoso”, resume, considerando que disso depende a eficácia da resposta ali prestada. Também a adesão dos consumidores será limitada numa fase inicial, acredita o responsável. Será necessário vencer a possível resistência e falta de confiança dos potenciais utentes.

A sensibilidade do projeto exige um acompanhamento constante e, para isso, o consórcio vai contar com a ajuda de uma Comissão Permanente de Acompanhamento, que integrará representantes da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), CMP, Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), Segurança Social do Porto e da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP).

A sala de consumo protegido está situada junto ao Bairro da Pasteleira, na zona ocidental do Porto. Quando for inaugurada, vai estar aberta diariamente das 10h00 às 20h00 e contar com uma equipa permanente de profissionais de seis membros: uma coordenadora, um educador de pares, dois enfermeiros, um técnico psicossocial e um auxiliar de limpeza.

A sala de consumo assistido é um espaço que garante a segurança do consumo dos utilizadores com a assistência profissional adequada. Este tipo de salas já existem na Europa desde 1986 e chegaram a Portugal em 2021.

Artigo editado por Filipa Silva