Partiam como favoritas e fizeram questão de confirmar os prognósticos. As espanholas enfrentaram a Ucrânia em Gondomar e venceram por nove golos sem resposta.

Não houve espaço nem tempo para surpresas neste final de tarde de sexta-feira. Com poucas centenas de adeptos nas bancadas do Pavilhão Multiusos de Gondomar, Ucrânia e Espanha encontraram-se para decidir quem seria o primeiro finalista desta segunda edição do Euro Futsal Feminino 2022. As espanholas eram favoritas e garantiram o seu lugar na final com uma vitória categórica por 9-0.

Arranque forte das espanholas

A formação espanhola estava impaciente e 26 segundos bastaram para se adiantar no marcador. Uma perda de bola das ucranianas foi suficiente para, em dois toques, a Espanha fazer 1-0. Peque combinou com Mayte e a fixo espanhola rematou sem hipóteses para a guarda-redes da Ucrânia.

A seleção ucraniana ainda tentou dar um ar da sua graça e criou duas boas oportunidades para empatar. Primeiro, por Snezhana Volovenko. A jogadora rematou de fora da área e a bola passou muito perto da baliza defendida por Silvia. Depois, foi a vez de Kseniia Hrytsenko. Passou em drible por uma das espanholas e rematou para defesa incompleta da guardiã espanhola. A bola acabou por ressaltar para os pés de Hrytsenko que desperdiçou a ocasião.

Daqui para a frente, quase só deu Espanha. À passagem do minuto oito, foi tempo de dilatar a vantagem. Depois de uma combinação coletiva eficaz, Maria Sanz demonstrou boa visão de jogo e deixou um passe perfeito ao segundo poste para Luci finalizar. Estava feito o 2-0.

Nos minutos seguintes, as espanholas somaram oportunidades. Irene Córdoba, Amelia, Laura Córdoba tiveram nos pés três chances flagrantes de dilatar a vantagem, mas a bola teimou em não entrar.

A três minutos do fim, o treinador da Ucrânia pediu pausa técnica e quase tinha efeito imediato. Retomado o jogo, Irina Dubytska recebeu a bola em posição favorável e rematou à malha lateral da baliza de Silvia.

A oportunidade de Dubytska pareceu ajudar na afinação da pontaria espanhola. Depois de alguns desperdícios, dois golos de rajada.

Primeiro, por Irene Córdoba. Mais uma vez, uma boa jogada coletiva e muito espaço no meio-campo defensivo ucraniano permitiram um aumento dos danos. Irene Córdoba recebeu a bola a partir de um passe picado de Peque, rodou sobre a defesa ucraniana e picou com muita classe por cima da guardiã Viktoriia Kyslova.

Depois, foi a vez de Peque finalizar. A partir de um livre batido por Ale de Paz, Peque recebeu e, de primeira, colocou a bola no fundo da baliza ucraniana. Estava feito o 4-0 e definida a vantagem espanhola ao intervalo.

Goleada épica frente a uma Ucrânia combalida

Na segunda parte, a história do jogo não foi muito diferente. Espanha controlou o jogo a seu bel-prazer e a Ucrânia já dava sinais de desgaste físico e emocional. Para estes vinte minutos, a novidade maior nas equipas registou-se na mudança na baliza espanhola. Saiu Silvia para a entrada de Marta.

O primeiro golo da segunda metade ainda demorou oito minutos a surgir, mas quando surgiu serviu de catalisador para os restantes. Numa jogada que começou na guardiã Marta, Amelia recebeu de costas e serviu Ale de Paz do seu lado esquerdo para finalizar de primeira e fazer o 5-0.

O 6-0 chegou nem um minuto depois. Após um canto de Ale de Paz que acabou por bater e ressaltar em várias jogadoras ucranianas, a bola sobrou para Luci que num remate potente de pé esquerdo não deu hipóteses à guarda-redes ucraniana.

Três minutos depois, mais um golo de chapéu. Assistida por um corte mal sucedido da defesa ucraniana, María Sanz viu-se sozinha frente à guardiã ucraniana e picou a bola para o fundo das redes.

Para o 8-0 chegou a vez de Amelia deixar o nome na ficha de jogo. Após uma boa jogada coletiva, a jogadora espanhola recebeu perto da linha da área, puxou para dentro e dilatou a vantagem.

Antes do 9-0, a Ucrânia teve ainda tempo de cheirar o golo e fazer suar a guarda-redes espanhola. Yuliya Tytova protagonizou um grande remate que exigiu bons reflexos de Marta. A dois minutos do fim, lá chegou o nono e último golo. Canto batido pela capitã Ana Luján e Irene Samper só teve de encostar.

Em conferência de imprensa, Claudia Pons, selecionadora nacional espanhola, mostrou-se satisfeita com o resultado conseguido e relembrou o conflito na Ucrânia: “Em primeiro lugar, gostava de realçar o grande esforço que a Ucrânia fez na situação que estão. Penso que muitos de nós, não nos comportaríamos assim na mesma situação”, elogiou.

A treinadora reforçou a importância da solidez defensiva como “maior arma” da equipa e lembrou que o importante agora é a final de domingo e é nisso que todas as jogadoras estão focadas.

Oleg Shaytanov, selecionador da Ucrânia, congratulou a equipa espanhola pela vitória e lamentou a derrota. “Não foi um jogo fácil para nós, mas todos compreendemos que estávamos a jogar contra o atual campeão e não esperávamos um jogo fácil. O que posso dizer é que se entregaram a 100%, mas infelizmente não foi possível chegar mais longe”, concluiu.

A Espanha era favoritíssima e não deixou espaço para surpresas. Os espaços deixados pela defesa ucraniana facilitaram a construção e penetração das craques espanholas. Apesar do 9-0, a Ucrânia deixa sinais positivos para o jogo de 3.º/4.º lugar frente à Hungria. Criaram algumas oportunidades perante uma Espanha dominante e com valores individuais, técnicos e coletivos manifestamente superiores.

Para a seleção espanhola está reservada mais uma final ibérica no próximo domingo, dia 3, às 18h00, frente a uma seleção portuguesa desejosa de se vingar da final de 2019.

Artigo editado por Filipa Silva