Já há um ano que o “mau cheiro” da Unidade de Confinamento, Preparação e Tratamento de Resíduos Urbanos (UCPT) situada na freguesia de Paradela, em Barcelos, tem levantado queixas por parte da população vizinha. O odor é sentido a quilómetros de distância e a falta de resolução do problema levou a que dez freguesias se unissem para fazer uma manifestação. A ação vai decorrer no dia 11, às 9h30, em frente ao aterro, pertencente à empresa Resulima.

“Não queremos que saia dali, queremos que opere de forma correta“, esclarece Félix Marques, presidente da Junta de Freguesia de Laúndos. Trata-se de “uma manifestação pacífica e cívica”, explica, que espera incitar a que as “autoridades obriguem aquela unidade a trabalhar” devidamente e deixar de ser um “problema”. Segundo o representante da freguesia, é esperada a adesão de cerca de 1000 pessoas.

Em dezembro de 2022, a Câmara da Póvoa de Varzim avançou com uma providência cautelar para interromper o funcionamento da unidade até que o problema do mau cheiro seja solucionado. Esta decisão surgiu em resposta ao parecer da Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e de Ordenamento de Território (IGAMAOT), que alega que não existe uma lei relativa a odores e, portanto, nada pode ser feito

Já em janeiro deste ano, e no seguimento da falta de resolução da situação, os impactos negativos do aterro foram denunciados à Comissão Europeia pela junta de freguesia de Laúndos.

No mesmo mês, em comunicado, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) afirmou que se reuniam as condições para o licenciamento da unidade. No entanto, concedeu dois meses para a Resulima criar “uma barreira cénica” e instalar “uma cortina arbórea”, de forma a minimizar o impacto na população vizinha. 

A inauguração do aterro de Resulima, que gere resíduos de seis municípios dos distritos de Braga e Viana de Castelo, foi em janeiro de 2022. Desde então, e apesar das várias ações e queixas, a situação continua a afetar a população das redondezas. Não conseguimos entender porque é que as autoridades que a gente contacta e [a quem] reporta os problemas ficam caladas e vêm dizer que aquilo está bem, quando sabemos que não está”, afirma Félix Marques.

A manifestação engloba as freguesias de Apúlia e Fão (Esposende), Rates, Laúndos, Aguçadora, Navais e Estela (Póvoa de Varzim) e Cristelo, Barqueiros e Vila Seca (Barcelos). É esperada também alguma adesão da parte de Paradela. 

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira