Esta sexta-feira (17 de março), Pedro Pedro, Miguel Vieira e Pé de Chumbo, assim como outros designers, apresentaram a suas coleções na Garagem FIAT. O grande destaque vai para Diogo Miranda, que surpreendeu a audiência ao apresentar um vestido de noiva na sua coleção.

A Rua de Latino Coelho, também conhecida como Garagem Fiat, foi, mais uma vez, o cenário para o penúltimo dia de desfiles do Portugal Fashion. A elegância e o inesperado marcaram as apresentações desta sexta-feira (17), com a presença de alguns dos nomes mais reconhecíveis do certame – como Diogo Miranda e Miguel Vieira.

O grande final de Diogo Miranda

Diogo Miranda marcou mais uma edição do Portugal Fashion com uma coleção inspirada no surrealismo e no pintor Salvador Dali. O desfile foi marcado pela elegância de vestidos de cerimónia e um final surpreendente.

Cores escuras e sóbrias como o bordô, rosa velho, roxo, castanho, verde e azul marcaram esta coleção de inverno, que revelou peças clássicas e elegantes – como vestidos longos fluídos e também vestidos “lagosta” com drapeados.

Em entrevista ao JPN, Diogo Miranda revela que se inspirou na moda dos anos 1930 e 1940 para a realização desta coleção, denotando-se a forte presença de acessórios como luvas e vestidos compridos. Na mesma linha, e trazendo algum contraste com os vestidos delicados, alguns modelos usaram casacos grossos e pesados e também capas, que revestiam os seus decotes e ombros.

O desfile foi igualmente influenciado por mudanças no acompanhamento musical – que, no início, apresentava música pop, mais rítmica e animada. Porém, a meio da exibição, a transição para uma melodia épico-clássica preparava o público para o seu grande final.

A última peça de vestuário a percorrer a passarela foi, para surpresa de todos, um vestido de noiva. Uma veste longa e rendada acompanhada de um longo véu, que cobria por completo o rosto da modelo. Sobre o grande final, Diogo Miranda afirma que já lhe tinham sugerido a ideia várias vezes e que achou que esta coleção era o “momento certo” para o concretizar.

Subverter papéis com Pedro Pedro

A coleção de Pedro Pedro primou pela escolha de cores suaves, “peças chaves” e “introspecção”, explica o designer. Vestidos de malha, alfaiataria xadrez, pele de cobra, tricô e casacos de pelo convergiram num estilo urbano e jovem. Produzida pelas mãos da artista Rita Caldo, a joelheria junta materiais reciclados ao cool.

Em conversa com o JPN, o artista afirma que o objetivo da coleção era “subverter papéis” de género. Quis que a roupa “não tivesse um fio condutor homogéneo, mas que vestisse a mesma pessoa nos seus estados diferentes”. E completa: “Podemos ser krepi, clássicos e eróticos” e “brincar com aquilo que é socialmente aceite. A roupa é para quem quiser usar”.

A aposta no face cover, ideia do stylist Ricardo Balbino, surgiu de uma questão social: “O que é que é de homens ou de mulher”. A escolha dos véus “serve para o público se questionar quem é que está debaixo das roupa”, explica. E remata: “Pedro Pedro é isto!”.

Exemplo disso é o look final da coleção, que apresenta um modelo masculino com um casaco de pelo, cor de rosa, até aos pés, com o rosto tapado.

A elegância dos dourados e prata de Pé de Chumbo

Mais uma vez, Pé de Chumbo voltou a marcar presença no palco do Portugal Fashion com elegância. E, além disso, provou que é possível combinar dourados e pratas numa coleção harmoniosa, com apontamentos de azul, verde e laranja.

As propostas da marca, criada por Alexandra Oliveira, para Outono/Inverno 2023 são uma mistura do clássico, streetwear e ambiente único de festa. Numa coleção que não apresenta nenhuma história, há na mesma muito para contar: peças femininas exclusivas, que juntam vestidos, saias e calças, combinados com tops e casacos.

“Ne me quitte pas”: a frase e música que marcam a coleção de Miguel Vieira

O desfile de Miguel Vieira encerrou o penúltimo dia do Portugal Fashion com um misto de tristeza e alegria. O designer revela ao JPN que se inspirou no tema musical “Ne me quitte pas”, de Jacques Brel, para a sua coleção – música que acompanhou todo o desfile. Esta frase, que diz, em português, “não me esqueças”, marcou a apresentação do estilista, sendo incluída em algumas das peças apresentadas.

Seguindo o tom melancólico da composição musical, o desfile começou com fatos de tons escuros, como o preto e o azul. A versatilidade entre fatos formais, transparência e tecidos mais confortáveis foi algo que se destacou nas diferentes peças.

Em termos de acessórios, os fios pretos pendurados ao pescoço dos modelos foram um pormenor inovador. Miguel Vieira afirma que a “seda de veludo” usada é uma forma de substituir gravatas e laços, “Achei que era uma maneira diferente de os homens puderem levar aquele tipo de tecidos”, explica.

Apesar da ambiência emotiva e triste, o desfile teve uma reviravolta. Com a alteração para uma música mais animada, foram apresentadas peças coloridas e com padrões estampados, com o amarelo como cor de destaque em maior parte do vestuário.

No penúltimo dia da 52.ª edição do Portugal Fashion, os designers Awa Meite, Carolina Sobral e Estelita Mendonça também apresentaram coleções no cenário urbano da Rua Latino Coelho. Este sábado, apresentam-se Alexandra Moura, Huarte e destaca-se a inauguração da loja de Luís Onofre, na Boavista. Como cereja no topo do bolo, a festa de encerramento conta com a colaboração com a artista Ana Moura, que apresenta ao vivo o mais recente álbum “Casa Guilhermina”, no Super Bock Arena, no Porto.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira