Na última quarta-feira, dia 17 de maio, assinalou-se o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia (IDAHOT). Para assinalar a data,  a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto promoveu o seminário “Abraçar a diversidade sexual e de género no ensino superior”. O objetivo é alertar para o preconceito e discriminação que a comunidade LGBT+ ainda enfrenta, assim como identificar os progressos em termos de igualdade – que estão a ser, gradualmente, conquistados.

O evento contou com a presença da representante da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Celina Manita, Pedro Nobre, diretor da FPCEUP, Sara Magalhães, representante do projeto RESET (Redesigning Equality and Scientific Excellence Together) da União Europeia – criado para desenvolver Planos de Igualdade de Género em contexto de instituições de ensino -, e Daniela Leal, psicóloga clínica e investigadora do projeto RESET.

Dentro dos tópicos principais, Daniela Leal trouxe o tema “Visibilidade LGBTQI+ na investigação” . Segundo avança a psicóloga clínica, um dos erros básicos cometidos é o tratamento de indivíduos que se classifiquem como não-binários nesse contexto. Mais concretamente, o problema assenta em referir-se à pessoa pelo género biológico e não pelo que a mesma escolhe ser tratada ou utilizar pronomes que determinem o género.

Um dos principais problemas centra-se, então, na linguagem, que tendencialmente indica um género. Na mesma linha, a especialista evidencia a importância de cultivar boas práticas na investigação que envolve pessoas não-binárias. Para tal, basta começar a utilizar as palavras “pessoas” ou “indivíduos” para se referir a todos os seres humanos, em vez de “Homens”, que por si só já remete para o masculino.

No que concerne a questões de identidade de género e orientação sexual, Daniela Leal recomenda utilizar sempre o modificador a que nos referimos de forma a não generalizar pessoas: por exemplo, dizer “homem gay” e não “gay”; ou “mulher cisgénero” e não “mulher”. Além disso, como forma de cultivar uma relação de respeito, sublinha a importância de fazer por saber e respeitar os termos que as pessoas utilizam para se descreveram a elas mesmas.

Como remate, ainda sobre contrariar erros comuns na investigação mas desta vez acerca de orientação sexual, a psicóloga deixa o apontamento de que não se devem agregar no mesmo núcleo pessoas pansexuais com pessoas bissexuais, apontando que são diferentes. Por fim, evidencia que deviam deixar de se utilizar expressões como o “género oposto”, pois é redutor e contradiz a ideia de que a identidade de género, como a orientação sexual, são muito diversificadas.

Criar estratégias de ação por um ecossistema institucional mais inclusivo

O mote da iniciativa teve por base perceber de que forma ainda há discriminação em contexto académico. Nesse sentido, foi ainda apresentado um projeto, do qual a Universidade do Porto faz parte, que visa criar estratégias de ação para combater estigmas e corrigir problemas. Sara Magalhães apresentou, portanto, o RESET, que consiste numa ação de Coordenação e Apoio Financiada pela União Europeia, no âmbito do programa “Horizonte2020”, e da chamada “H2020-Swafts-2020-1”.

O programa visa enfrentar as barreiras para a igualdade de género em instituições de pesquisa e cultivar uma perspetiva de diversidade. O fim é projetar, ao longo de quatro anos, para implementar, a longo prazo, uma “visão de excelência científica centrada no usuário, impulsionada pelo impacto e inclusiva”.

Neste momento, o RESET envolve sete grandes universidades multidisciplinares de toda a Europa, sendo a Universidade do Porto a única participante portuguesa.

A data para o seminário não foi escolhida ao acaso: no dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde deixou de considerar a homossexualidade uma perturbação mental. Sendo um evento mundial, o IDAHOT mobiliza todos os que apoiam as pessoas LGBT+, de forma a celebrar a diversidade e a luta pelos direitos humanos.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira