Sébastian Haller completou a reviravolta dos costa-marfinenses que acabaram por vencer as Super Águias por 2-1. Pela segunda edição consecutiva, um selecionador português perdeu na final.

A Costa do Marfim venceu a CAN pela terceira vez. Foto: CAF/Twitter

A Costa do Marfim venceu, este domingo (dia 11), a 34.ª edição do Campeonato Africano das Nações (CAN). A seleção da casa derrotou a Nigéria, de José Peseiro, por 2-1 e conquistou assim a competição pela terceira vez na história.

A emoção da final começou ainda antes do apito inicial. Um enorme espetáculo pirotécnico fez-se acompanhar de música e coreografias para dar início à cerimónia de encerramento da competição. O estádio estava repleto de adeptos de ambas as equipas que iam fazendo a festa nas bancadas.

Quem não marca, sofre

A seleção nigeriana começou a partida com o pragmatismo esperado. Com uma postura mais defensiva, a iniciativa do jogo coube aos Elefantes que criaram várias ocasiões de golo num início de jogo quente e com muitas faltas. Ao minuto 28’, José Peseiro deixou-se levar pelo ardor do encontro e viu um amarelo na sequência de protestos. Na meia hora inicial, Simon Adingra, Sébastien Haller e Seko Fofana já tinham todos falhado oportunidades para a Costa do Marfim. E como é lei no futebol: quem não marca, sofre. Contra a corrente do jogo, a Nigéria alcançou a vantagem no marcador com William Troost-Ekong, defesa do PAOK, a saltar mais alto que toda a gente e a marcar na sequência de um canto.

O intervalo chegou com a Nigéria na frente e a mostrar uma eficácia tremenda, com apenas 35% de posse de bola e um golo no único remate enquadrado da primeira parte.

Várias reviravoltas numa só

A segunda parte começou da mesma forma que a primeira, com mais bola e remates da Costa do Marfim, mas sem nenhuma ocasião flagrante. Ao minuto 61, fez-se a festa nas bancadas do Estádio Olímpico de Ebimpé. Também na sequência de um canto, Frank Kessié apareceu solto de marcação e aproveitou a saída em falso do guardião nigeriano, Stanley Nwabali para empatar a partida. O médio do Al-Ahli apontou o segundo golo na competição e devolveu a esperança à seleção caseira.

Com o mítico Didier Drogba a vibrar nas bancadas, os costa-marfinenses continuaram a insistir à procura do golo da vitória. Depois de um remate acrobático falhado aos 76’, Sébastien Haller continuou a acreditar e acabou mesmo por se tornar o herói do seu país. Na sequência de um slalom de Simon Adingra na ala esquerda, o avançado do Borussia Dortmund aproveitou o cruzamento e finalizou com a sola da bota para confirmar a reviravolta no marcador. O resultado manteve-se até ao final e a Costa do Marfim sagrou-se campeã africana.

Este foi um momento comovente para Haller que regressou recentemente ao futebol depois de, em julho de 2022, ter sido diagnosticado com um cancro nos testículos. Porém, a recuperação correu melhor do que toda a gente esperava e, apenas seis meses depois, já estava de volta aos relvados. Um ano após este retorno, o jogador costa-marfinense completou a maior reviravolta da sua vida e imortalizou-se na história do seu país. Depois de já ter marcado o golo que carimbou a passagem para a final contra a RD Congo, Sébastien Haller repetiu o feito no derradeiro jogo e mostrou-se visivelmente emocionado no fim da partida.

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Sébastien Haller foi o herói da Costa do Marfim. Foto: CAF/Twitter

Depois de um início catastrófico que quase resultou na eliminação na fase de grupos, os Elefantes viraram completamente a sua sorte e conquistou, pela terceira vez, a CAN. O treinador interino Emerse Faé conseguiu o impensável e venceu a competição após só ter assumido o controlo da equipa no fim da fase de grupos. “É mais do que um conto de fadas”, afirmou o sucessor de Jean-Louis Gasset durante as celebrações.

José Peseiro perdeu, desta forma, mais uma grande final, depois de estar à frente no marcador ao intervalo. O técnico português repetiu a sorte da final da Taça UEFA, em 2005, quando orientava o Sporting CP e volta para casa de mãos a abanar.

O sportinguista Ousmane Diomande assistiu à vitória a partir do banco, depois de não ter sido opção em nenhum dos jogos da fase a eliminar.

O trajeto dos finalistas

Editado por Filipa Silva