Numa noite que vai ficar na história do futebol nacional, o Porto recebeu e venceu o Benfica por 5-0. Com esta derrota, os encarnados perdem a liderança do campeonato para o Sporting e veem os dragões aproximarem-se do segundo lugar.

Galeno, autor de dois golos, foi considerado o “homem do jogo” para a Liga Portugal. Foto: FC Porto/Facebook

Em mais um clássico, o Futebol Clube do Porto venceu o Sport Lisboa e Benfica por 5-0, numa noite histórica, no Estádio do Dragão. O jogo, válido para a 24.ª jornada da Liga Portugal, decorreu este domingo (dia 3). Galeno (por duas vezes), Wendell e Namaso foram os marcadores dos golos portistas.

As equipas entraram em campo depois do apito final do jogo do Sporting CP. A equipa de Alvalade venceu o Farense por 3-2 e ultrapassou o Benfica, à condição. Pressão extra para os encarnados que não queriam perder terreno na luta pelo título, especialmente quando os leões ainda têm um jogo a menos. Já o FC Porto partiu para o jogo no terceiro lugar, com os mesmos pontos que o SC Braga e menos dez que o líder Sporting.

Esta foi a terceira vez que as duas equipas se defrontaram esta época. Nos jogos anteriores, a vitória sorriu sempre ao Benfica, com um 2-0 na Supertaça e um 1-0 na primeira volta do campeonato. A equipa de Sérgio Conceição ainda não tinha conseguido marcar nenhum golo frente a Roger Schmidt.

Apesar disto, ambas as equipas vinham de uma forma irregular. Nos últimos cinco jogos, os dragões contaram com três vitórias (uma delas épica contra o Arsenal), um empate e uma derrota. Os encarnados tinham exatamente o mesmo registo, incluindo uma derrota frente ao Sporting a meio da semana.

O único novo nome no onze de Sérgio Conceição, relativamente ao jogo com o Santa Clara, foi o de Otávio. O central brasileiro substituiu Fábio Cardoso na defesa azul e branca. Galeno e Evanilson foram ambos titulares depois de terem estado em dúvida. Face à derrota sofrida frente ao Sporting, Roger Schmidt implementou algumas mudanças para este jogo. Morato entrou para o lugar de Bah, com Aursnes a passar para a lateral direita e Tengstedt a suplantar Neres nas escolhas do alemão, que optou por abandonar o ataque móvel.

O ambiente, com 49 mil adeptos nas bancadas, esteve ao rubro durante mais de 90 minutos no Estádio do Dragão. Já antes do apito inicial os adeptos entoavam cânticos de apoio à equipa e realizavam uma coreografia planeada.

Vulcão azul e branco resultou em domínio

O mote para o jogo ficou mostrado logo no primeiro minuto. Di María caiu e ficou no chão depois da primeira disputa de bola na partida e foi imediatamente banhado por uma assobiadela monumental. O Dragão não estava para brincadeiras e tentava intimidar ao máximo. O capitão do Benfica, Nicolás Otamendi, foi sempre acompanhado de assobios quando tocava na bola. O jogador passou pelo FC Porto de 2010 a 2014. Os primeiros minutos foram bastante quentes, com muita intensidade, tanto dentro como fora das quatro linhas. Sérgio Conceição levou cartão amarelo logo aos 10′ na sequência de protestos.

A primeira grande oportunidade do jogo pertenceu ao Benfica. Casper Tengstedt apareceu isolado mas, no frente a frente com Diogo Costa, rematou por cima. Nem um minuto depois foi a vez de Galeno desperdiçar uma grande oportunidade, desta vez para os azuis e brancos, ao rematar ao lado depois de aparecer solto na área.

Esta não era a última vez que iríamos ouvir o nome de Galeno no jogo. Aos 19′, depois de uma sequência de cantos, o extremo luso-brasileiro surgiu na área encarnada e conseguiu assim inaugurar o marcador. O Porto parecia mais confortável no início da partida e ia trocando a bola com confiança.


Francisco Conceição ia dando dores de cabeça constantes a Morato. O defesa brasileiro nunca conseguiu travar o jovem português e aos 31′ foi amarelado por agarrá-lo quando já fugia em velocidade. Ao minuto 43, o jogador emprestado pelo Ajax conseguiu mais uma vez criar perigo e enviou um cruzamento ao segundo poste, com Evanilson como destinatário. O avançado do Porto assistiu, de cabeça, Galeno que finaliza já dentro da pequena área para bisar na partida e aumentar a vantagem do Porto.


Os dragões foram para o intervalo a vencer por 2-0 e com o controlo total do jogo. A equipa de Sérgio Conceição ia aproveitando o apoio fervoroso das bancadas e ia-se conseguindo superiorizar aos encarnados em quase todos os aspetos. Wanderson Galeno deu continuidade à boa forma recente e assinalou o seu quarto golo nos últimos quatro jogos. Roger Schmidt tinha obrigatoriamente de mexer na equipa que, pelo segundo jogo consecutivo, ia sentindo imensas dificuldades num clássico.

Goleada confirmada

À entrada para a segunda metade, o técnico alemão fez duas alterações. Álvaro Carreras substituiu Morato para tentar dar mais profundidade à ala esquerda e Florentino entrou para o lugar de Kökçü, para tentar quebrar o meio-campo azul e branco.

Nos primeiros instantes, o Benfica parecia que vinha com outra atitude, mas esta rapidamente foi abafada. Aos 54′, Wendell aproveitou um cruzamento rasteiro de Galeno para finalizar à entrada da área e aumentar a vantagem para três golos. A bola ainda ressaltou nas pernas de Florentino, traindo assim a abordagem de Trubin. A situação começava a ficar cada vez mais espinhosa para o Benfica.


Schmidt respondeu imediatamente com duas alterações. Di María e Tengstedt abandonaram o campo com Neres e Arthur Cabral a substituírem-nos. Porém, a estratégia do alemão foi deitada por água abaixo aos 60′. Otamendi varreu Pepê perto da linha lateral e viu o segundo amarelo e consequente vermelho. Foi um regresso completamente para esquecer do argentino ao Dragão. Não se tratou de um golo, mas o momento levantou todo o estádio.

A jogar com dez, o Benfica nunca mais conseguiu encontrar um rumo na partida. João Neves foi sempre o mais lutador das águias, mas sem grande sucesso perante a incapacidade da equipa reagir à pressão do FC Porto. Aos 74′, passámos a ter goleada na Invicta. Nico González descobriu Pepê com um passe perfeito e o brasileiro rematou forte para o fundo da baliza defendida por Trubin. O guardião ucraniano não fica muito bem visto neste lance, com o remate a ter saído à figura.


Aos 84′, depois de um show de quase hora e meia nas bancadas azuis e brancas, foi a vez dos encarnados brilharem no apoio à equipa. Apesar da derrota pesada, os adeptos fizeram-se ver e ouvir, com cânticos de apoio e tochas.

Já em cima do minuto 90, Danny Namaso aproveitou o cruzamento de Jorge Sánchez e fez um cabeceamento perfeito para selar o marcador. Quinto golo dos dragões naquele que foi um jogo que vai ficar na história da liga portuguesa.


Catorze anos depois, o Porto repetiu a história. Em 2010, os dragões também venceram o Benfica por 5-0, no Estádio do Dragão. Na altura, André Villas Boas e Jorge Jesus lideravam as duas equipas.

Sérgio Conceição: “Foi um jogo a roçar a perfeição”

O técnico portista estava naturalmente satisfeito com a vitória frente ao maior rival e realçou a importância da preparação efetuada para a partida: “Os jogadores estão de parabéns, interpretaram bem o que tínhamos de fazer e os diferentes momentos do jogo. Foi um jogo a roçar a perfeição“, afirmou na conferência de imprensa.

Sérgio Conceição acredita na qualidade do plantel e sublinha que “se a concentração competitiva estivesse presente em determinados jogos“, a distância para os dois primeiros lugares não seria tão larga.

O treinador dos dragões não vai atirar a toalha ao chão, no que diz respeito à luta por títulos, e deixou o mote para o que resta da temporada: “Nesta casa, estamos habituados a não desistir. Queremos superar as dificuldades e no final fazemos as contas”.

Roger Schmidt: “Hoje não foi o nosso dia”

O treinador alemão estava abalado com a derrota expressiva da equipa e assumiu a culpa pelo desaire: “Não consigo explicar a derrota. Hoje não foi o nosso dia. Nem fisicamente, nem mentalmente, nem taticamente. Tenho responsabilidade por tudo isto. O FC Porto foi muito melhor equipa o jogo todo”.

Ainda assim, Roger Schmidt acredita não ter razões para pedir desculpas aos adeptos: “Não temos que pedir desculpa, não o fizemos de propósito. Os jogadores já jogaram tantos bons jogos. Hoje não foi o nosso dia, mas os jogadores prepararam-se da melhor forma possível. Às vezes, o futebol é assim e temos de lidar com esta situação”.

O FC Porto reduziu assim a distância para as águias, mas mantém-se no terceiro lugar, com 52 pontos. Na sexta-feira (dia 8), os dragões deslocam-se ao Algarve para defrontar o Portimonense, em jogo da 25.ª jornada da Liga Portugal. O SL Benfica está agora no segundo lugar, com 58 pontos, menos um que o Sporting, que tem menos um jogo. Na quinta-feira (dia 7), os encarnados recebem o Rangers, para os oitavos de final da Liga Europa.

Editado por Filipa Silva