A seleção portuguesa perdeu por 0-2, em Liubliana, no último jogo de preparação antes do anúncio da lista final de convocados para o Euro 2024. Foi a primeira derrota sob o comando de Roberto Martínez.

Cristiano Ronaldo criou pouco perigo junto da defesa eslovena. Foto: FPF/Facebook

Esta terça-feira (26), acabou a série vitoriosa de Roberto Martínez no comando de Portugal. Ao 12.º jogo surgiu a primeira derrota, num encontro com várias mudanças que resultaram numa exibição muito pobre da seleção das quinas. O técnico espanhol não conseguiu assim igualar o seu recorde ao comando da Bélgica, onde venceu uma dúzia de jogos de forma consecutiva.

Como era de esperar foram feitas várias alterações relativamente à vitória frente à Suécia. O quarentão Pepe foi o único jogador a ser titular nas duas partidas de preparação para o Euro. Mas estas experiências não se deram apenas na escolha dos jogadores. O selecionador nacional voltou a optar pelo esquema de três centrais, com Danilo Pereira a cair no meio de Inácio e Pepe na primeira fase de construção. Diogo Costa recuperou da lesão que o afastou do primeiro jogo e assumiu a baliza lusitana. Os três “sauditas”, Cristiano Ronaldo, Otávio e Rúben Neves, entraram também para o onze, juntamente com os dois “catalães” da ala esquerda, Cancelo e Félix e os dois ex-FC Porto, Dalot e Vitinha.

Desde o início do jogo que a seleção portuguesa mostrou intenções de manter o controlo da posse de bola e foi exatamente isso que fez durante praticamente toda a partida. Ainda assim, este domínio não se transformou em oportunidades de golo. Sem Bernardo Silva, Bruno Fernandes e Palhinha, que voltaram para os respetivos clubes depois do primeiro jogo, o meio-campo de Portugal foi muito pouco eficiente e apenas Vitinha ia tentando remar contra a monotonia.

Danilo Pereira, que subia para trinco na fase defensiva, teve bastantes dificuldades tanto no ataque como na defesa. O jogador do PSG pouco ou nada arriscou com a bola no pé e sem ela não conseguiu cobrir o espaço deixado nas costas de Vitinha e Rúben Neves. A Eslovénia, quase sem ter bola, aproveitou este vazio e conseguiu sair algumas vezes para o contra-ataque, ainda que sem criar grande perigo. Aos 31′, surgiu o primeiro remate do jogo, com João Cancelo a aparecer ao segundo poste, mas a rematar muito por cima da baliza defendida por Jan Oblak, ex-Benfica.

O primeiro tempo terminou sem muito mais para contar, com um empate a zeros no marcador e várias pessoas em casa a lutarem para não adormecer. E o segundo tempo não melhorou a situação.

Portugal saiu dos balneários com duas alterações: António Silva e Francisco Conceição, estreante, entraram para o lugar de Pepe e Otávio. As substituições não mudaram a forma de Portugal jogar e não serviram de antídoto para a letargia da performance.

Aos 52′, António Silva perdeu a bola para Šeško, que não conseguiu marcar após grande defesa de Diogo Costa. Vitinha continuou a ser o maestro do jogo português, mas a sua inspiração na distribuição não foi suficiente para dar a consistência que os lusos precisavam para inaugurar o marcador. Aos 60′, o médio do PSG até encontrou Cristiano Ronaldo livre pela direita, mas o número 7 optou pelo remate ao invés de um passe para Félix, que estava livre. O remate foi rasteiro e nem sequer passou perto da baliza eslovena.

A frustração portuguesa era visível; sem conseguir superar o bloco médio-baixo esloveno, Portugal começou a forçar mais jogadas e a cometer mais erros, e uma dessas jogadas culminou num contra-ataque letal da Eslovénia pela direita. Celar bateu um cansado Inácio pela direita, cortou para o centro e passou para Šeško na entrada da área, que de primeira enfiou a bola entre os centrais portugueses para Čerin. O médio do Panathinaikos colocou com delicadeza a bola no canto inferior direito da baliza portuguesa e abriu o marcador para os eslovenos.

O golo fez com que os lusitanos tentassem ser mais proativos. Os jogadores de Martínez começaram a ser mais objetivos, deixaram de cometer tantos erros não forçados, mas ficou claro que ainda havia desorganização e que o relógio era um empecilho para elaborar melhor o plano de jogo. Os últimos 15 minutos foram um jogo de cruzar a bola e rezar para encontrar um golo. As preces quase resultaram aos 78′, após Rúben Neves cruzar a bola de uma posição mais profunda e João Félix cabecear a bola no poste após mergulhar para alcançá-la. Foi a melhor e única chance real de Portugal no jogo.

Um minuto depois, toda a esperança portuguesa se esvaiu. A Eslovénia partiu para o ataque com quatro jogadores contra nove portugueses, mas após tabela com Stojanović, Elšnik ficou à frente a Diogo Costa como se a vantagem em números fosse inversa. O médio, que joga no campeonato esloveno, fuzilou a baliza no primeiro poste, sem hipótese de intervenção do guarda-redes do FC Porto. Resultado final: Eslovénia 2, Portugal 0.

A performance letárgica da equipa portuguesa contra uma equipa com um plantel inferior certamente foi uma aprendizagem para Martínez, que se prepara para fazer a convocatória derradeira antes do Euro 2024 e precisa de decidir com cautela seus jogadores. Até à grande competição, Portugal terá ainda três jogos de preparação. O facto é que a equipa apresentou muito mais garra, e contra uma equipa de mais qualidade, quando o espanhol trouxe uma abordagem mais ofensiva com quatro na defesa.

“O objetivo do jogo era apanhar informação”

Para o treinador Roberto Martínez, o jogo serviu para avaliar os jogadores. “[O jogo] ajuda, pois dá informação. Precisamos de ter opções dentro da lista e o estágio foi positivo, com oportunidade de trabalhar jogadores de forma individual. Não gostamos de perder, mas o objetivo do jogo era apanhar informação, mais do que ganhar”, disse.

O selecionador elogiou a seleção eslovena, que “jogou muito bem”, e reforçou que “o objetivo desta noite não era ganhar”, mas “tentar ganhar” e “experimentar”. “Depois dos 90 minutos, estamos ainda mais preparados para o Europeu“, acrescentou.

O próximo encontro de Portugal é contra a Finlândia, num amigável no dia 4 de junho, em Alvalade.

Editado por Filipa Silva