A vitória na primeira mão permitiu aos leões seguirem em frente com um empate a duas bolas, na Luz. Apesar de o Benfica ter estado por cima em grande parte do jogo, a equipa de Rúben Amorim conseguiu aguentar o resultado.

O Sporting está de volta ao Jamor, cinco anos depois. Foto: Sporting CP/X

O Sporting Clube de Portugal é o primeiro finalista da 84.ª edição da Taça de Portugal. O empate num jogo frenético (2-2) contra o Sport Lisboa e Benfica, no Estádio da Luz, foi suficiente para garantir a ida ao Jamor, uma vez que os leões partiam em vantagem, depois de terem vencido a primeira mão por 2-1.

A equipa de Rúben Amorim esteve por duas vezes em vantagem, graças a golos de Hjulmand e Paulinho, mas os encarnados não desanimaram e conseguiram sempre empatar a partida, com golos de Otamendi e Rafa. Foi a melhor exibição dos orientados de Roger Schmidt em clássicos esta época, mas, ainda assim, não foi suficiente para dar a volta à eliminatória.

O treinador dos leões repetiu a frente de ataque da vitória contra o Estrela da Amadora (Trincão, Paulinho e Gyökeres), mas na defesa efetuou várias alterações. Ricardo Esgaio começou no lugar de Geny, Gonçalo Inácio no de Matheus Reis e o capitão Sebástian Coates regressou ao onze, no lugar de St. Juste. Os leões começaram no habitual 3x4x3 que, em momento defensivo, transformava-se rapidamente num 4x4x2, com Nuno Santos a pressionar bem em cima e Inácio a fazer de lateral esquerdo.

Roger Schmidt voltou a girar a roleta de pontas de lança e desta vez foi Casper Tengstedt o escolhido para liderar o ataque encarnado. O dinamarquês já não era titular desde a derrota por 5-0 contra o FC Porto, mas voltou a ter a confiança do treinador alemão para esta partida. António Silva também regressou às escolhas iniciais depois de ter estado de fora na vitória frente ao Chaves.

Benfica a correr atrás do prejuízo

Estando em desvantagem na eliminatória e a jogar em casa, os encarnados tinham de assumir a iniciativa do jogo. E foi exatamente o que fizeram. Desde o primeiro minuto que tentavam pressionar bem à frente e condicionar ao máximo o momento de construção leonina. Apesar do controlo do jogo pertencer ao Benfica, foram os leões a ter a primeira grande oportunidade da partida, aos 6′. Na sequência de um canto batido por Nuno Santos, a bola sobrou para Gyökeres no segundo poste. O sueco fez um “cruzamento remate” à meia volta que sobrou para a cabeça de Hjulmand, mas o dinamarquês não conseguiu acertar no alvo, depois de Trubin ainda ter desviado ligeiramente o esférico.

Diomande e Inácio sentiram bem a pressão alta das águias e, de forma infantil, entregaram por várias vezes a bola aos adversários, levando o perigo à baliza leonina. Foi o que aconteceu aos 8′, quando Florentino intercetou um mau passe de Gonçalo Inácio, deixando a bola para Di María que deslizou pela direita e isolou Rafa Silva na cara de Franco Israel. No momento da decisão, o avançado português não teve a frieza necessária e rematou ao lado.

Aos 15′, surgiu mais uma grande oportunidade para o Benfica, novamente dirigida por Di María. O campeão do mundo voltou a tentar um drible perigoso pela direita e, na sequência de um ressalto, Tengstedt apareceu isolado, mas o chapéu saiu com um pouco de força a mais e bateu na trave da baliza leonina. Foram duas chances de ouro para os encarnados ainda dentro do primeiro quarto de hora.

Di María foi o foco de quase todos os ataques do Benfica. Foto: SL Benfica

Quatro minutos depois, Di María voltou a ser protagonista. Fredrik Aursnes recuperou a bola já bem dentro do meio-campo adversário e enviou um cruzamento milimétrico para o argentino que apareceu solto de marcação ao segundo poste. Contudo, Franco Israel fez-se gigante e com uma mancha negou o golo que empataria a eliminatória.

O Sporting vivia momentos de grande sufoco e não conseguia pegar no jogo de forma alguma. Coates voltou a demonstrar a sua grande experiência e ia tentando segurar uma defesa que parecia completamente perdida. Do lado das águias o destaque também ia para um jogador bastante experiente. Di María era o foco de todos os ataques do Benfica e foi uma dor de cabeça constante para os defesas adversários, com os seus dribles e passes de rutura venenosos e a sua matreirice clássica para tentar ganhar faltas. A primeira parte terminou com um nulo no marcador, mas com o Benfica bem por cima da partida.

Chuva de golos no segundo tempo

Depois de uma primeira metade muito pouco conseguida era óbvio que alguma coisa tinha de mudar na equipa do Sporting. Rúben Amorim também percebeu isso e, à entrada para os segundos 45 minutos, o treinador português fez uma tripla substituição. Diomande, Esgaio e Nuno Santos deram lugar a St. Juste, Geny e Matheus Reis. O técnico manteve a ideia inicial de ter um ala mais defensivo e um mais ofensivo – agora em lados opostos – e tirou o costa-marfinense que não estava no seu melhor.

E estas alterações tiveram um efeito imediato. Apenas 30 segundos depois de ter entrado, Geny deixou o aviso ao rematar à figura de Trubin. Um minuto depois, St. Juste lançou Gyökeres com um passe longo em profundidade pela direita. O sueco aproveitou a contenção feita por António Silva e conseguiu segurar a bola e esperar por Hjulmand que apareceu à entrada da área e, com um grande remate ao ângulo superior, colocou os leões em vantagem na partida.


O Benfica não se deixou abalar pela desvantagem de dois golos na eliminatória e, aos 51′, David Neres bailou na ala direita e cruzou para o segundo poste, onde apareceu Otamendi. O capitão das águias fugiu à marcação de Gyökeres e conseguiu cabecear de forma exímia para o fundo da baliza de Israel.


Porém, os festejos no Estádio da Luz acabaram por não durar muito tempo. Apenas dois minutos depois, Geny Catamo voltou a carregar a bola pela direita e, com uma trivela, cruzou para o meio da área encarnada. Trubin defendeu a bola para a frente, diretamente para o pé esquerdo de Paulinho que aproveitou o ressalto e voltou a aumentar a vantagem verde e branca.


Mas como já se podia adivinhar pelo início frenético na segunda metade, este não viria a ser o último golo da partida. Novamente pelo lado direito, David Neres serviu Alexander Bah de calcanhar e o lateral dinamarquês cruzou rasteiro para Rafa, que apareceu sozinho e só teve de empurrar para reestabelecer o empate no jogo.


O jogo estava ao rubro tanto dentro como fora de campo. Aos 71′, pediu-se penálti no Estádio da Luz, depois de Rafa ter chocado com Seba Coates. No entanto, João Pinheiro mandou seguir o jogo depois de conferenciar com o VAR. No lance imediatamente a seguir, Di María rematou forte de fora de área, obrigando Franco Israel a esticar-se todo e a fazer a defesa da noite.

Os encarnados continuaram em busca do golo que empataria a eliminatória até ao final, mas sem sucesso. O jogo terminou com um empate a duas bolas, que garantiu a 30.ª presença do Sporting numa final da Taça de Portugal. Os leões regressam ao Jamor cinco anos depois.

Schmidt critica arbitragem

No final da partida, Roger Schmidt afirmou que “não quer estar sempre a queixar-se  das arbitragens”, mas prosseguiu a deixar várias críticas às decisões tomadas: “Todos viram que as decisões não foram equilibradas. O árbitro do primeiro jogo hoje foi o quarto árbitro. Houve um penálti claro, não sei porque não assinalou. Se tivermos em conta os dois jogos, isto foi decisivo para o resultado e isso não é bom para o futebol”.

Ainda assim, o treinador alemão mostrou-se agradado com a exibição positiva dos seus jogadores: “Fizemos um bom jogo. Jogámos desde o princípio como uma equipa que queria chegar à final. Criámos muitas oportunidades mas, infelizmente, falhámos muitas delas. Acho que hoje fomos a melhor equipa e merecíamos ir à final“.

Apesar da passagem, Rúben Amorim admite que o Benfica foi superior nesta partida e deixou claro que é preciso melhorar para próximo jogo com os rivais: “Hoje claramente não fomos melhores. Faltou-nos muita bola. No primeiro jogo fomos superiores e a vantagem pecou por escassa. O Benfica hoje foi mais agressivo. Quando temos que defender muito tempo complica-se tudo. Houve muitos jogadores abaixo do nível habitual. Temos obrigatoriamente de ser melhores no sábado“.

O treinador leonino afirma que o próximo jogo contra os encarnados vai ser totalmente diferente: “Este jogo ajuda a preparar. Ambas as equipas têm algo para se agarrarem. Temos de olhar para o jogo em si e não para a passagem. Temos de ficar contentes porque passámos também com mérito, mas o jogo vai ter história diferente“.

Sporting e Benfica voltam a defrontar-se no sábado (dia 6) às 20h30, no Estádio de Alvalade, em jogo a contar para a 28.ª jornada da Liga Portugal.

Editado por Filipa Silva