Depois de ter alcançado resultados históricos no último Europeu e Mundial, Portugal discute, este fim de semana, em Montpellier, a qualificação para as Olimpíadas de Tóquio. Tunísia, Croácia e França são os obstáculos da Seleção Nacional na tentativa de fazer o que nunca conseguiu antes. Para o comentador Jorge Tormenta, “o momento é bom para ter esperanças”.

A Seleção de Andebol disputa, a partir de sexta-feira e até domingo, em Montpellier, na França, o Torneio Pré-Olímpico onde vai discutir o acesso aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Se o apuramento for conseguido, vai representar a estreia de Portugal na competição olímpica desta modalidade e mais um feito histórico de uma seleção que conseguiu recentemente a melhor classificação num Europeu (sexto lugar) e num Mundial (décimo classificado).

Na companhia de Croácia, França e Tunísia, a formação orientada por Paulo Jorge Pereira entra em prova para assegurar uma das duas vagas em oferta para o principal evento desportivo deste verão. Esta vai ser também a primeira vez que a seleção portuguesa volta a competir depois da morte do guarda-redes Alfredo Quintana, vítima de uma paragem cardiorrespiratória no final de fevereiro.

O antigo guardião das redes do FC Porto é uma ausência de relevo na convocatória, até pelo “peso grande” que tinha junto dos colegas de equipa, como explica o comentador Jorge Tormenta ao JPN. “Quintana era um dos melhores guarda-redes do mundo e esteve nesta ascensão meteórica de Portugal nos últimos anos”, diz o especialista, mas ainda assim há “uma grande esperança que os portugueses se possam transcender” pelas razões psicológicas relacionadas com a “homenagem que todos desejam fazer” ao luso-cubano.

Para além desta contrariedade, Portugal também não terá o contributo do lateral Gilberto Duarte e de Humberto Gomes, o veterano guarda-redes de 43 anos do Póvoa AC que brilhou ao lado de Quintana nas balizas portuguesas no Mundial do Egipto, em janeiro. No caso do lateral do Montpellier, Jorge Tormenta acredita que a sua ausência não se notará muito, uma vez que já tinha falhado o Europeu de 2020 e no Campeonato do Mundo esteve apenas com funções defensivas.

Nesse sentido, a presença de cinco pivôs na convocatória nacional está, na opinião do comentador, relacionada com “a resistência do sistema defensivo”, uma vez que esses atletas vão ocupar a zona central na manobra defensiva e é neste aspeto que “Portugal terá de ter um grande desempenho” para aumentar as suas hipóteses de sucesso.

Relativamente à ausência dos guarda-redes habituais,é uma grande incógnita” que “tanto pode funcionar pela transcendência de quem vai lá estar e dos colegas, como pode ser um problema difícil de ultrapassar”. Mesmo assim, Jorge Tormenta acredita “que não será por aí que haverá problema” e que os guarda-redes convocados dão garantias e vão estar confiantes para tentar aproveitar a oportunidade.

Os guarda-redes Alfredo Quintana e Humberto Gomes são os principais ausências da convocatória de Paulo Jorge Pereira, juntamente com Gilberto Duarte.

Os guarda-redes Alfredo Quintana e Humberto Gomes são os principais ausências da convocatória de Paulo Jorge Pereira, juntamente com Gilberto Duarte. Foto: FPA

Sobre as expectativas para a participação portuguesa do Torneio Pré-Olímpico, o antigo diretor-técnico da Associação de Andebol do Porto afirma que, em primeiro lugar, é necessário fazer um “grande elogio à seleção de Portugal por estar neste patamar”. Depois é preciso reconhecer que o historial da França e da Croácia na modalidade lhes atribui o favoritismo para o apuramento.

“Portugal, em termos de currículo, é um país como a Tunísia, que já foi quarta no Campeonato do Mundo, em 2005”, refere o também treinador de Andebol feminino. No entanto, o elevado nível exibicional dos jogadores portugueses nas últimas grandes competições permitiram colocar a Seleção Nacional “a discutir em pé de igualdade” com os históricos deste desporto.

Para ter reais hipóteses de lutar pelo apuramento para os Jogos Olímpicos de Tóquio, Portugal vai ter de ganhar o seu jogo de estreia, na sexta-feira, frente à Tunísia, um desfecho que o comentador não considera “anormal”, e depois somar uma segunda vitória contra a Croácia, no sábado, ou com a França, no domingo.

Jorge Tormenta relembra que a Croácia “está em crise”, na sequência de um “mundial onde correu tudo mal”, e que a França também passou por uma crise de resultados nos anos recentes, apesar de ter eliminado Portugal no Mundial do Egipto, em janeiro, onde acabou na quarta posição.

Contra a seleção croata, Portugal tem um empate e uma derrota em dois jogos oficiais, mas o último embate foi no Europeu de 2006. Já contra a congénere francesa, para além da partida no último Campeonato do Mundo, Portugal tem duas vitórias recentes, uma das quais aconteceu no Europeu de 2020 e acabou por ditar o afastamento dos gauleses da prova.

Para o comentador e treinador, estes dois embates vão ser “ossos difíceis de roer” e é preciso “ter os pés bem assentes no chão” com a consciência “que estamos a desejar um objetivo muito difícil de alcançar”. Apesar disso, admite estar “esperançado que Portugal vai passar” e deposita fé nos atletas que vão representar a seleção e numa “liderança técnica que tem estado sempre muito positiva e sempre muito ambiciosa e a transmitir objetivos alcançáveis com rigor”.

Portugal estreia-se no Torneio Pré-Olímpico na sexta-feira, às 17h30, frente à Tunísia. À mesma hora, no sábado, tem encontro marcado com a Croácia, enquanto no domingo, pelas 20 horas, termina a competição a defrontar a França.

Artigo editado por João Malheiro