A data 25 de Abril marcou a história da Europa. Apesar de “25 Aprile” e “25 de Abril” não serem o mesmo, ambos estão irremediavelmente ligados ao fim do fascismo.

O “25 Aprile” deu-se em Itália em 1945. Os “partigiani” (guerrilheiros anti-fascistas) e as forças aliadas protagonizaram a libertação da ocupação das tropas nazis, pondo fim à ameaça do fascismo ressurgir no seu panorama político.

Maria Pia Mottini é cidadã italiana residente em Portugal e professora de italiano no Consulado de Itália, no Porto. Segundo a professora, “muita gente sofreu no final da guerra, muita gente moreu”. “Esta última fase levou muita gente para os campos de concentração, trouxe muita fome, destruição, doenças… Faltava tudo! A Itália de 44 e 45 era uma Itália completamente destruída”, concluiu.

O fascismo estava comprometido desde o desembarque dos aliados na Sícilia no Verão de 1943. A 25 de Julho do mesmo ano, o órgão máximo do fascismo decide derrubar e prender o “Duce”, devido aos seus fracassos militares. Em 1944, o rei Vitor Emanuel rende-se aos Aliados e declara guerra à Alemanha nazi, que apoiara anteriormente. Entretanto, Hitler ajuda Mussolini a fugir. O italiano constitui a República Social Italiana a norte do país. Iniciou-se, assim, um período bastante negro, onde ao movimento de resistência contra os alemães se juntou a guerra civil entre os “partigiani” e os combatentes da República Social.

Pia Mottini, quando era mais nova, morava numa pequena aldeia a norte de Itália. Lembra-se de ver as “pessoas a chorar”, quando se tocava o tema da resistência ao fascismo. Na sua aldeia “houve também mais do que uma família que ficou sem familiares, na guerra na Rússia. Muitos ficavam adormecidos pelo caminho, sem forças para avançarem”.

O 25 de Abril italiano foi o fim tão desejado e esperado de uma história extremamente dramática. As pessoas sentiam-se finalmente livres e com vontade de recomeçar, o que levou ao “boom económico”, continua a professora, contando a história que lhe foi transmitida um dia pelos seus pais e avós.

“Os nossos familiares tentavam, sobretudo, chamar-nos a atenção para que não se voltassem a cometer os mesmos erros do passado e se defender sempre a liberdade”, lembra Pia Mottini, que não consegue compreender o ressurgir de movimentos de extrema-direita, em especial ligados ao fenómeno do futebol.

Com os tempos, o “25 Aprile” tem caído no esquecimento. “Já não é tão falado e vivido”, de acordo com a cidadã italiana. “Há sempre uma vertente política (a esquerda), programas de televisão, actividades que recordam o que se passou durante a Guerra”, mas “já não se fazem aqueles desfiles” como antigamente. “Os italianos mantêm o espírito de protesto, desde os tempos do Império Romano, mas não o revolucionário”, comenta Pia Mottini.

Milene Marques
Foto: Wikipedia