Aproveitar os doutorados produzidos por instituições científicas portuguesas é o objectivo do concurso internacional lançado pelo Governo, no âmbito da iniciativa “Ciência 2007”. O evento vem na sequência da escolha, também por concurso, dos locais que vão receber os mil investigadores doutorados em regime de contrato individual de trabalho.
A cerimónia vai ter lugar, nesta sexta-feira, pelas 17h30 no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).
O vice-presidente do IPATIMUP, António Amorim, considerou ao JPN que a iniciativa significa, para as instituições de pequena e média dimensão, um aumento, em pelo menos um terço, dos recursos humanos de alta qualidade.
Portugal apresenta uma grande carência de investigadores doutorados, realidade que António Amorim atribui ao défice de formação que houve durante anos. “Ainda irá levar outros tantos anos a recuperar do atraso”, aponta.
O responsável acredita que o estatuto internacional do concurso vai estimular a criação de redes e ligações entre as instituições portuguesas.
No entanto, o vice-presidente do IPATIMUP frisou que, embora de louvar, iniciativas como esta devem ter em conta a capacidade de gestão das instituições. “Não serve de muito fazer um lançamento destes se não houver suporte aos custos com reagentes, instalações ou equipamento”, sublinhou.
Uma fonte substancial de financiamento é a chave apontada por António Amorim para evitar um subaproveitamento dos novos investigadores contratados provocado pela falta de verbas para despesas correntes, para o financiamento de projectos de investigação e reequipamento de instalações.
A possibilidade, a curto prazo, de um novo concurso com as mesmas dimensões é descartada pelo dirigente. Embora acredite que exista uma capacidade razoável para “acolher o volume de pessoal que está agora em jogo”, considera provável que só daqui a cinco anos possam voltar a haver condições. Isto “só se forem providenciados outros meios financeiros”, recorda.