20 mil euros. Foi este o valor do prémio Crioestaminal de Investigação Biomédica entregue a Mónica Bettencourt Dias na semana passada. É já o terceiro prémio que a investigadora do Instituto Gulbenkian Ciência (IGC) recebe este ano. “Este prémio vai ajudar a avançar nas pesquisas sobre o projecto que agora tenho em mãos”, na área da multiplicação de células, explica a cientista.

Este ano, Bettencourt Dias já foi distinguida com o prémio Eppendorf, atribuído anualmente a jovens cientistas europeus com menos de 35 anos com trabalhos reconhecidos na área da biomedicina, e também o prémio Pfizer de Investigação Básica, que partilhou com Ana Rodrigues Martins.

Prémio Crioestaminal

Conta já com três edições e é promovido pela Associação Viver a Ciência. O objectivo é distinguir o melhor projecto de investigação básica na área das ciências biomédicas em Portugal. A associação considera que o trabalho de Bettencourt Dias “revela informações importantes sobre a estrutura das células responsável pela infertilidade e pelo cancro, algo inédito no panorama científico”.

Ao JPN, Mónica Bettencourt Dias considera que “os prémios são importantes”, mas diz que “há que dar igual importância às publicações em revistas conceituadas desta área. Só desta forma as investigações em Portugal começam a ser reconhecidas internacionalmente”.

Revistas internacionais da especialidade, como a “Nature”, a “Science” e a “Current Biology”, já reconheceram a importância destas descobertas, dando-as a conhecer nas suas páginas. O trabalho da portuguesa pode abrir caminho para novos métodos de diagnóstico e de ataque no combate ao cancro.

“Boa investigação” em Portugal

Quanto à ciência que se faz em Portugal, a cientista afirma que “se calhar é preciso fazer mais investigação para as pessoas poderem saber o que é investigação. Mas têm de procurar as condições para tal”. E acrescenta: “Faz-se boa investigação [em Portugal], mas pode-se melhorar, fazendo mais investigação durante os cursos [de ensino superior]”.

Desde 2006 que a investigadora Mónica Bettencourt Dias desenvolve as suas pesquisas na área de biomedicina, concretamente, na regulação do ciclo celular, no Instituto Gulbenkian Ciência, em Oeiras.