Para quem vira para a rua Cândido dos Reis, na Baixa do Porto, é difícil não reparar na loja Garfos e Letras. Lá dentro, podia-se encontrar vários produtos gourmet como vinhos, especiarias e chás, mas também uma área de exposições de arte e cursos de cozinha. A loja, a única no país a reunir estas características, fecha as portas esta sexta-feira.
O pouco movimento na Baixa, que contrastam com o montante do investimento (130 mil euros), determinou o fim da Garfos e Letras. “Foram seis anos muito difíceis dado a desertificação da Baixa que culminaram com esta crise, que foi, sem dúvida, o desastre final”, lamenta Mário Rodrigues, proprietário da loja.
O projecto começou a ser desenvolvido por Mário Rodrigues em 1999, mas só foi concretizado em finais de 2002. Mário deixou o projecto nessa altura, por “divergências” com os outros proprietários, tendo apenas retomado o projecto em 2005.
Recuando no tempo, Mário Rodrigues recorda os tempos áureos da loja que define como uma espaço cultural e gastronómico. “No início, a Garfos e Letras teve um enorme sucesso. Vinham pessoas, por exemplo, de Espanha que diziam que nunca tinham visto uma loja como esta”, recorda.
Enquanto conta ao JPN a história do espaço que foi construindo ao longo dos anos, Mário Rodrigues vai apontando para o fundo da loja onde já se vêem alguns caixotes. As prateleiras, vão ficando vazias, os quadros das exposições estão agora em lotes e os cursos de cozinha não serão mais realizados aqui.
As iniciativas realizadas para animar a rua Cândido dos Reis e a abertura de vários espaços de animação nocturna naquela zona não foram suficientes para ultrapassar a crise sentida no centro da cidade. “Estas iniciativas não têm tido grande impacto porque grande parte delas são à noite e nós trabalhamos de dia. Fizemos a tentativa e estivemos dois dias abertos até tarde, mas sem resultado”, explica.