Este sábado, das 14h00 às 19h00, a Praça de Carlos Alberto transformou-se no ponto de encontro de selos, postais e compotas, louças velhas e roupas jovens, jóias antigas, peças de autor, livros sobre o Porto, doces, vinho, sardinhas e até manjericos. Nasceu o Porto Belo, um mercado que se quer distinguir pela diversidade e atrair todos os tipos de público.

A proposta da designer e vitrinista Inês Magalhães de criar o mercado foi submetida à Câmara Municipal do Porto em 2008 e aprovada no início de Junho, mas a ideia já surgiu há 10 anos, enquanto Inês passeava com o marido no famoso mercado londrino de Portobello. “Achámos que fazia falta algo semelhante ao centro do Porto, para lhe dar mais alma”, disse a mentora do projecto ao JPN.

Como vender no mercado

Embora nesta primeira edição do Porto Belo tenha dado para perceber que existe espaço livre suficiente para mais comerciantes participarem, enquanto não se reunir “mais material” que garanta condições extra estão disponíveis 28 lugares, diz Inês Magalhães. Qualquer pessoa se pode inscrever através do e-mail [email protected]. O critério de selecção da organização é a “heterogeneidade”. Cada lugar custa dez euros.

Helena, uma das comerciantes que aderiu à novidade, acha que os objectivos de Inês foram cumpridos. “É uma iniciativa engraçada e que acima de tudo dinamiza e mistura novos criadores e velharias”. A jovem criadora, que também vende no edifício Artes em Partes, na Rua Miguel Bombarda, elogia a escolha do local. “É uma zona muito central, que faz conexão entre vários locais onde as pessoas passeiam”.

Ao lado das criações de Helena instalou-se José de Almeida, que veio experimentar as vendas no Mercado Porto Belo “pela curiosidade e pelo convívio”. O reformado já quase não vende em feiras, mas, ao saber do evento através da comunicação social, trouxe para a sua banca máquinas fotográficas dos anos 30, brinquedos e até exemplares de “O Século Ilustrado”, publicação extinta há 31 anos.

Maria Ribeiro, que vendia alguns artigos da loja “Alma Viva”, situada ali bem perto do Túnel de Ceuta, elogia a iniciativa e as vendas. “Está a correr bem, não me posso queixar”, disse ao JPN, enquanto vendia um caderno da autoria de uma ilustradora francesa.

Sol e horário são motivo de queixas

Os curiosos iam chegando em número tímido e, apesar do imenso calor, ficavam para dar a volta completa pelas bancas. Inês, que soube da abertura do mercado pelo jornal, passeava pela praça com a mãe. Ambas afirmaram estar a gostar dos objectos “para todos os gostos” e da “diversidade”, mas apontam uma falha. “Está muito sol, cada mesa devia ter um guarda-sol para que as pessoas pudessem estar mais à vontade”.

As três comerciantes de manjericos, flores e sardinhas também se queixam do calor e sugerem que o Porto Belo passe a ser também matutino. “Devia ser de manhã porque à tarde faz muito calor, as pessoas vão para a praia”, sugere Sara Araújo, logo apoiada por Belmira. “Se isto for sempre de tarde, para mim não vale a pena. É de manhã que as pessoas fazem as compras!”, queixa-se a vendedora de flores, que aos domingos de manhã não perde a vizinha Feira dos Pássaros.

Questionada pelo JPN acerca de uma possível mudança de horário, Inês Magalhães explica que já existe, aos sábados de manhã, a feira da Vandoma. “Além disso, queremos, com este horário mais tardio, atingir outros públicos que frequentam o Porto à noite”, explicou a organizadora, sem pôr de parte um ajuste na hora de abertura do mercado.

Quanto à falta de sombra, Inês Magalhães garante que será feito o possível para melhorar as condições. “Depois deste primeiro dia é que vamos tentar ajustar as coisas”, disse.

Mercado interrompido no Inverno

O mercado Porto Belo quer fazer parte da rota obrigatória dos portuenses e dos turistas, mas, por enquanto, só está previsto que funcione até Setembro, sendo interrompido no Outono e Inverno. De acordo com Inês Magalhães, o objectivo é “continuar”, mas “tudo dependerá do clima, porque não há condições no Inverno”.

Opinião diferente tem Adelaide Ferreira, comerciante de vários objectos de coleccionismo. “Mesmo no Inverno, acho que devia haver continuidade, nem que se trouxessem uns plásticos para proteger as coisas”, diz, enquanto arruma uma lata do Infante D. Henrique.

Adelaide já esteve no mercado de Portobello, em Londres, e gostava que este se tornasse semelhante. É por isso que defende a continuidade do mercado da Praça de Carlos Alberto e até a sua expansão.

“Em Londres são ruas e ruas! Tenho pena que aqui não seja alargado até à Cordoaria porque tem a faculdade e o hospital. Até podíamos ir alternando o sítio das bancas e acho que temos gente suficiente para isso”, afirma, antes de concluir: “um mercado não se faz em dois ou três meses”.