Na passada sexta-feira, dia 22, o Espaço t apresentou o número 16 da revista Espaço Con(tacto). Com características peculiares, como o facto de ser escrita em diversas línguas e em Braille, esta publicação tem como missão chegar a todas as pessoas. A prevenção da violência doméstica serviu de mote à campanha “Mais igualdade”, título desta nova edição.

Dar a cara pela violência doméstica

Durante o lançamento da revista foi também apresentada a campanha “dar a cara“, tendo como instrumento a maior rede social do mundo, o Facebook. “A maioria das pessoas encontra-se familiarizada com o Facebook e, portanto, a nossa campanha consiste em criar uma aplicação em que a pessoa possa meter lá a sua própria cara, como forma de manifestação contra a violência doméstica”, afirma Marco Pacheco, impulsionador do projecto. Uma campanha que, mais tarde, procura chegar aos iPhones através de uma aplicação paga, sendo que uma parte da verba angariada reverterá a favor da instituição de reinserção social, o Espaço t. O objectivo de todas estas aplicações é “dar a cara, literalmente, pelo combate à violência doméstica”, reforça.

Apesar do tema ser violência doméstica, houve espaço para discutir outros tipos de crime. Em declarações ao JPN, Elisa Cervina, sócia da instituição, reforça que “o tema violência é muito vasto”, pois existem outras formas de “violência silenciosa”, “como a segregação”, que também devem ser combatidas, apesar de tal combate não apresentar resultados práticos a curto prazo.

O lançamento decorreu nas instalações do Comando Metropolitano do Porto da PSP. Um espaço alusivo ao tema, já que “a violência doméstica deve ser denunciada o quanto antes por todos aqueles que estão implicados e também pelos que não estão implicados”, como revela Jorge Oliveira, director do Espaço t.

O centro histórico do Porto, onde se encontram as instalações do Comando da PSP, é conhecido por ser “uma zona particularmente atingida pela pobreza”, começa por afirmar Cristiana Silva, representante do Secretariado para a Igualdade de Géneros. Pobreza essa que constitui “um meio onde, muitas vezes, a violência é mais visível”, embora “não queira dizer que seja o local onde a violência doméstica esteja mais presente, porque esta está presente em todos os estratos sociais”, conclui a representante.

É para esta “realidade transversal” que a revista Espaço Con(tacto) tenta alertar, apostando, para isso, no aspecto pictórico. Maria Isabel Santos, governadora civil do Porto, considera essa aposta de grande relevância, porque “a imagem é apelativa, é agressiva, é acutilante e, acima de tudo, inquieta”. A violência doméstica é um fenómeno “que rouba espaço de cidadania a muitas mulheres, a muitas crianças e também a muitos idosos e a muitas pessoas com deficiência neste país”, reforça a governadora civil.