Fundado em 2004, o Festival para Gente Sentada é um certame com características que o distinguem dos costumeiros festivais de verão. Dedicado a géneros musicais menos populares e a músicos pouco habituados às luzes da ribalta, o festival aposta no ambiente mais intimista da programação para criar a sua imagem de marca. A intencional descentralização deste festival e o carisma da sala do Cine Teatro António Lamoso ajudam a esta ideia de um evento cultural dirigido a uma imensa minoria.

João Carvalho, da Ritmos, empresa organizadora do festival, destaca precisamente este cuidado no “embrulho” que é oferecido ao público e fala com orgulho de um “evento com alma, com um grande impacto mediático e que marca a diferença”.

E a importância do Festival para Gente Sentada é comprovada pelos nomes que deu a conhecer ao público português. Nomes como Devendra Banhart, Ed Harcourt, Nina Nastasia, Josh Rouse ou Bill Callahan e que hoje, graças ao sucesso entretanto alcançado, são demasiado caros para um evento com um orçamento tão reduzido.

João Carvalho realça as dificuldades que, ano após ano, ameaçam a organização de mais uma edição. Dificuldades que se prendem, principalmente, com a falta de apoios e com a agenda dos músicos, tantas vezes difícil de gerir. Por outro lado, destaca o apoio da autarquia local que, em ano de crise, “mantém a confiança, o empenho e o apoio no festival”.

De B-Fachada a Laetitia Sadler

No campo musical, a 7.ª edição do Festival para Gente Sentada está dividida entre nomes sonantes da música nacional e músicos ingleses que nem todo o público reconhece à primeira. The Legendary Tiger Man, B Fachada e Nuno Prata abrem o festival na sexta-feira, 18 de Março, enquanto que Piano Magic, Laetitia Sadler e Spokes têm honras de encerramento, no dia seguinte.

Quanto a Paulo Furtado já pouco há a dizer. O “homem-tigre” é um animal de palco e vê-lo é sempre garantia de espectáculo, mesmo que em ambiente mais intimista. B Fachada, por sua vez, está claramente a jogar em casa. O cantautor encaixa na perfeição neste cenário, e vai a Santa Maria da Feira numa altura em que é um dos nomes mais interessantes da música portuguesa.

No entanto, os destaques de João Carvalho vão no sentido de dois projectos ingleses, Spokes e Laetitia Sadier: os primeiros porque vêm a Portugal apenas dois meses após terem editado o seu disco de estreia e Laetitia Sadier pela longa história de sucesso à frente dos Stereolab.