Com alguns “pontos a melhorar”, o meio de comunicação radiofónico está vivo e de “boa saúde”. Esta foi a principal conclusão das conferências da European Communication Research and Education Association (ECREA), realizadas em Braga, entre 14 a 16 de Setembro.

Guy Starkey, professor de rádio e jornalismo na Universidade de Sunderland, no Reino Unido, defende a rádio na sua essência e não acredita que o meio possa acabar. Para o chair da ECREA Radio Research Section, as diferenças sociais e económicas entre os países no mundo fazem com que a rádio continue a sobreviver às mudanças tecnológicas.

Emma Rodero, professora da Faculdade de Ciências Sociais e de Comunicação da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, vê nas características da rádio a sua “sobrevivência” e os seus “pontos fortes”. Para a investigadora, a rádio é uma “companhia” e nem os “novos formatos” vão deixá-la morrer.

Para o autor de “El lenguaje radiofónico”, Armand Balsebre, “a massa importante de ouvintes” vai manter-se e, por isso, a rádio nunca poderá morrer. A idade é uma característica importante nos ouvintes, uma vez que o professor da Universidade Autónoma de Barcelona considera que os que não ouvem a rádio hoje vão ouvi-la anos mais tarde.

Aspectos a melhorar no meio

A conferência da ECREA, denominada de “Radio Evolution”, levou o debate à Universidade do Minho. Foi discutido o percurso da rádio na sua evolução e coisas a melhorar com o advento das novas tecnologias e as novas plataformas.

Emma Rodero acredita que, com a Internet, o som pode ser bem aproveitado e editado para assim melhorar os conteúdos radiofónicos. A presença na rádio nas redes sociais é bem vista pela investigadora e professora da Universidade Carlos III de Madrid, Susana Herrera. A especialista de rádio admite que há “falta de criatividade” na relação entre a rádio “tradicional” e a rádio Web. Armand Balsebre apoia a mudança mas confessa que não sabe “como mudar”. Hoje “ninguém quer assumir riscos”, afirma.

Rádio Hertziana vs Rádio Web

Balsebre admite que a evolução da rádio actual esteja num “impasse” mas, mais do que isso, o professor não nota diferenças nos conteúdos radiofónicos transmitidos pela rádio hertziana e pela rádio da Internet. Emma Rodero partilha da mesma opinião e atribui a culpa “ao divórcio importante entre a indústria e a investigação”. A investigadora da Universidade Carlos III de Madrid, Susana Herrera, adopta a ideia de que as rádios sentem-se “obrigadas” a permanecer na Internet e que isso facilita a “duplicação de conteúdos”.

Já Guy Starkey confirma a “mudança que se tem vindo a verificar” e vê vantagens para a rádio na Internet. O público da rádio Web é, na opinião do especialista inglês – e salvo raras excepções – “muito, muito pequeno”. Isto deve-se à “imensidão” de rádios Web existentes em todo o mundo. Armand afirma que a audiência da Internet não é a mesma que a da rádio por transmissor.

Tanto o investigador inglês como o espanhol sublinham a importância das conferências académicas para “desenhar” o futuro da rádio.