Realizou-se esta segunda-feira o último debate entre os líderes partidários nas rádios: TSF, Rádio Renascença, Rádio Observador e Antena 1. O debate ficou marcado pela ausência do líder do Chega e o atraso do candidato Luís Montenegro.

Debate das rádios foi esta segunda-feira, sem André Ventura. Ilustração: Nádia Neto

O debate das rádios na manhã desta segunda-feira (26), marcou o fim de um ciclo de 30 debates transmitidos ao longo do mês de fevereiro  que colocaram frente a frente os candidatos dos vários partidos. A discussão transmitida em simultâneo pelas rádios TSF, Renascença, Observador e Antena 1 tocou em vários temas que foram ficando em segundo plano ao longo dos debates televisivos.

André Ventura não compareceu, tal como aconteceu no debate das rádios em 2022. O líder do Chega justificou a ausência com o facto de estar em campanha no norte do país – o debate foi gravado nos estúdios da RDP, em Lisboa – e de não ter tido autorização para entrar em emissão à distância. O debate, marcado para as 10h00, começou sem o líder da AD, Luís Montenegro, que chegou com um atraso de cerca de 15 minutos.

A discussão abriu com o tema da pobreza. Pedro Nuno Santos, líder do PS, admitiu que a pobreza em Portugal é a “maior derrota” das últimas décadas, o que lhe valeu uma pequena provocação por parte de Rui Rocha que afirmou “ficar bem” ao líder do PS reconhecer a derrota do partido relativa à pobreza. 

Os candidatos falaram também sobre Segurança Social e apresentaram as suas propostas com vista à sustentabilidade do sistema. 

Quando questionado sobre a possibilidade de um “pacto na justiça” ao lado da AD, Pedro Nuno Santos refutou: “Não vale a pena convidar ou desafiar, porque do lado do líder da AD vem um ‘nim’, não vem uma resposta”. O líder da Aliança Democrática, por outro lado, não deixou de parte um consenso no que toca à justiça.

Ainda na justiça, foi feita uma referência concreta à procuradora-geral da República Lucília Gago com Pedro Nuno Santos a recusar fazer uma análise do mandato da procuradora, mas a admitir que existe um “clima de dúvida e desconfiança” relativamente à justiça. Luís Montenegro deixou claro que Lucília Gago merece uma nota “mais negativa do que positiva”.

No que toca à defesa, Inês Sousa Real reforçou a preocupação do partido com o impacto ambiental dos testes com equipamento militar. No que diz respeito ao serviço militar obrigatório, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos acreditam que não é a resposta para a falta de militares, assumindo que a solução passa pela atratividade da carreira militar em si.

Um novo tema em discussão dos líderes partidários foi a restrição generalizada ao uso dos telemóveis nas escolas. Todos os partidos se mostraram a favor desta medida, refletindo sobre a importância da convivência entre crianças, menos Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, que acredita que essa decisão cabe às escolas de acordo com a “visão” que têm na instituição.

A fechar, as rádios apostaram numa ronda final do debate em que procuraram questionar individualmente os líderes partidários sobre assuntos que não têm sido abordados. 

O primeiro foi Rui Tavares, líder do Livre, que fugiu à questão sobre se seria ou não candidato às Europeias: “No dia 11 vamos ver qual é o cenário que temos em cima da mesa, não faz sentido falar do cenário das Europeias”. 

Inês Sousa Real foi a segunda interpelada, desta vez relativamente às touradas, mais concretamente com a ideia de os espectadores terem uma idade mínima de 16 anos e se esta medida seria decisória na viabilização do Orçamento de Estado. A líder do PAN afirma que não é uma medida única que faz depender o voto do PAN no Orçamento do Estado, mas confessa ser uma “linha vermelha” nos direitos do Pessoas-Animais-Natureza.

Paulo Raimundo, líder da CDU, abordou a posição sobre a morte de Alexei Navalny, o maior opositor de Vladimir Putin. “É normal que se exija o esclarecimento cabal do que aconteceu e se retire as conclusões necessárias”, afirmou.

Rui Rocha foi desafiado a apontar o valor das taxas moderadoras em hospitais públicos. O líder da Iniciativa Liberal começou por dizer que esse “não era o ponto essencial”, mas acabou por responder “20 euros”, sendo que na realidade estes valores oscilam entre 14 e 16 euros.

Mariana Mortágua, por outro lado, foi questionada se seria Ministra das Finanças, como no passado chegou a ser sugerido por Francisco Louçã. A líder do Bloco de Esquerda não respondeu diretamente à questão, mas assume-se pronta para assumir responsabilidades.

Quando interrogado acerca da presença de Pedro Passos Coelho na campanha, Luís Montenegro deixou o suspense no ar, “logo vemos…”.

Pedro Nuno Santos foi interpelado acerca da saúde e da vida pessoal, referindo que da última vez que foi a um hospital foi privado, ainda que tenha estado também num hospital público “não há muitos meses” e admitiu não ter médico de família.

Editado por Filipa Silva