Eef Van Beveren descobriu, recentemente, uma partícula super leve que gerou algum alvoroço pelo país fora. Anunciada como a partícula mais leve de sempre, o físico teórico da Universidade de Coimbra fez questão de esclarecer que, afinal, não é bem assim.

Em declarações ao JPN, o investigador, que trabalha na UC desde 1985, afirma que “não se devem confundir partículas sub-nucleares com sub-atómicas”. “O eletrão (uma partícula sub-atómica), por exemplo, é mais leve que a partícula agora descoberta”, refere. O achado de Van Beveren insere-se, portanto, no grupo das moléculas sub-nucleares, sendo que, “nesse grupo, é, de facto, a mais leve conhecida até hoje, mas não de uma maneira geral”, como faz questão de explicar.

Feitas as devidas ressalvas, a verdade é que as implicações desta partícula podem ser muito importantes. Entre as possibilidades, o cientista explica que a partícula “até poderá ser utilizada como uma fonte de energia nuclear mais limpa, dado que se desintegra totalmente sem deixar resíduos”. Van Beveren lembra, mesmo assim, que é necessário “descobrir se existe uma forma estável da partícula para que possa ser aplicada”.

Apesar disso, a E(38), como é designada por Van Beveren, ainda precisa de vários estudos para analisar a sua propriedade e a forma como poderá ser utilizada, o que significa que o seu potencial só será realmente confirmado num futuro algo distante, até porque, para já, “além da sua existência, não sabemos quase nada sobre esta partícula”, confirma o cientista. “Possivelmente, só daqui a umas centenas de anos é que se poderá pôr isto em prática”, explica.

Um avanço importante para a ciência

O investigador está, ainda assim, confiante nas propriedades de uma partícula que define como “subnuclear”, e acredita que a comunidade científica, depois dos devidos testes, irá corroborar a sua descoberta.

Apanhando todo o mundo da ciência de surpresa, Van Beveren analisou os resultados de experiências feitas nos aceleradores de partículas em Bona (Alemanha) e no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN, na Suíça), utilizando um modelo idealizado pelo próprio, juntamente com o também cientista George Rupp, do Instituto Superior Técnico de Lisboa.

À espera do reconhecimento internacional, esta descoberta revela-se como um grande avanço para a ciência. A utilização de um modelo alternativo proposto por Eef Van Beveren pode ser a base para novas descobertas. O investigador não tem dúvidas. “O nosso método funciona muito bem e esta descoberta vem dar-lhe o valor merecido”, conclui.