São várias as igrejas e capelas católicas que existem na cidade do Porto. Apesar disso, a Semana Santa é vivida de forma semelhante em todas elas, no que diz respeito às celebrações religiosas. A “quinta-feira santa”, dia em que se assinala simbolicamente a última ceia de Jesus Cristo com os apóstolos, é marcada pelas igrejas com a cerimónia do “lava-pés”, símbolo de humildade e serviço de Jesus aos seus discípulos.
Legião da Boa-Vontade distribui cabazes de alimentos
Neste período pascal, voltam a repetir-se ações de solidariedade. Tal como no ano passado, a Legião da Boa-Vontade (LBV) vai distribuir cabazes a 510 famílias na cidade do Porto. Além da distribuição de cabazes, a LBV tem preparada uma campanha de recolha de alimentos, com início a 14 de abril e que se prolonga até 1 de julho, em diferentes superfícies comerciais.
Muitas pessoas escolhem, também, ser crismadas neste dia, uma cerimónia que a Sé do Porto tem planeada. Na sexta-feira santa, dia da Paixão de Cristo, as igrejas preparam a Via Sacra, na qual se revive a caminhada de Jesus até ao calvário, e que ocorre, na maioria dos casos, por volta das 15h00, hora simbólica da morte de Jesus.
Ao mesmo tempo, realiza-se, também neste dia, uma celebração que compreende três momentos distintos: a Liturgia da Palavra, a Adoração da Cruz e a Comunhão. A noite do sábado santo assinala a ressurreição de Jesus e, por isso, muitas igrejas preparam, especialmente para este dia, vigílias pascais. São típicas do chamado “sábado aleluia” e começam ao final do dia, prolongando-se até à meia noite de domingo e, em alguns casos, até ao amanhecer.
O domingo de Páscoa é, por excelência, o dia da ressurreição de Cristo e, por isso, as igrejas celebram várias eucaristias alusivas a esta festividade. Este dia é, igualmente, assinalado pelo típico compasso pascal. Este ritual é, contudo, encarada de forma diferente na grande cidade.
O compasso pascal
Santo Ildefonso é uma das freguesias do Porto que organiza a saída do compasso. Bem no centro da baixa portuense, o compasso pascal é feito mediante inscrição. As famílias que o quiserem receber no domingo de Páscoa nas suas casas, devem preencher uma ficha de inscrição na paróquia. O mesmo processo deve ser feito pelos comerciantes da zona (de Santa Catarina ao Bolhão) interessados em receber a visita pascal nas suas lojas.
O compasso pascal não ocorre todos os anos em todos as paróquias da cidade. Depende da adesão das pessoas. Nas paróquias da Senhora do Porto e na do Viso, o compasso é feito ao ar livre e em conjunto para os moradores de determinada zona residencial, que nem sempre é a mesma.
Pede-se às pessoas “que venham à rua, onde se fazem pequenas celebrações” que podem ser seguidas pelos fiéis. “Este ano vamos para a zona do bairro de Santa Luzia”, explica o padre Manuel Correia Fernandes, responsável por estas duas paróquias. “Anunciamos o compasso e as pessoas que quiserem participar vêm. O que estou a fazer é convidar as pessoas a acompanhar”, acrescenta o pároco.
Todos os anos, é visitado um bairro diferente. Como tal, este não é um compasso tradicional, porque não vai até casa de cada família. “É um estilo diferente. Antigamente, esta zona era predominantemente rural. Hoje é uma zona urbana e com edifícios altos. Não dá para visitar todas as pessoas”, justifica Manuel Correia Fernandes.
O padre destaca, mesmo assim, o número considerável de habitantes que assistiu ao compasso do ano passado no bairro de Santo Eugénio, muito mais do que “estava à espera”. O compasso pascal sairá, este ano, na paróquia de Ramalde, segundo o JPN apurou.
Concertos do coro da Sé
Desde 1988 que o Coro da Sé Catedral do Porto, formado em 1971, organiza o Concerto de Páscoa na Igreja da Lapa. Este ano não é exceção e o coro vai atuar na Lapa na sexta-feira Santa. Dirigido pelo padre Ferreira dos Santos e acompanhado pela orquestra da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto (ESMAE), o coro vai interpretar “Stabat Mater”, de João Rodrigues Esteves. Uma obra que, de acordo com o também maestro do coro, é “pungente e dramática”, e “põe em poesia o drama da mãe de Jesus ao ver o filho castigado com a morte na cruz”.
No concerto, o coro vai, também, interpretar “Vesperae Sollemnes de Confessore” de Mozart, “uma obra praticamente desconhecida em Portugal”. Este concerto tem cerca de 70 minutos de duração e vem no decorrer de uma temporada de espetáculos que começaram no dia 3 de abril, em Braga, e que vão até ao domingo de Páscoa, com a Missa Estacional na Sé Catedral do Porto, às 11h00. A obra interpretada vai ser a “Missa da Coroação”, outra obra de Mozart.
A adesão ao concerto de Páscoa na Igreja da Lapa tem sido muito positiva nos anos anteriores, que, habitualmente, esgotam os dois mil lugares do espaço. Tal acontece, refere o padre, porque “as maiores obras da história europeia da música foram executadas” na igreja durante a época pascal, “com grandes maestros, solistas e orquestras” internacionais.