O Irão não está satisfeito com a forma como Ben Affleck representou os cidadãos iranianos no recém-aclamado “Argo”, distinguido como melhor filme na cerimónia dos Óscares deste ano. A acusação é de que o filme oferece uma versão romanceada dos factos.

Além disso, a questão de o Óscar ter sido anunciado por Michelle Obama, é vista no Oriente como uma comprovação de que a entrega do prémio teve motivações políticas. Segundo a imprensa iraniana, o regime de Teerão reuniu-se com a advogada Isabelle Countant-Peyre, conhecida pela forte defesa aos palestinianos e por ser casada com o terrorista venezuelano “Carlos, o Chacal” (que foi também retratado no filme de Hollywood “O Chacal”), que também defendeu em tribunal.

“Argo” no Irão

No Irão, “Argo” foi exibido à porta fechada para uma plateia composta por oficiais iranianos da cultura e críticos de cinema. O filme foi proibido de ser exibido no país, estando apenas acessível aos cidadãos que tenham adquirido cópias-pirata em circulação por todo o território.

“Irei defender o Irão contra filmes que têm sido feitos por Hollywood para distorcer a imagem do país, como Argo”, afirmou Isabelle Coutant-Peyre, citada pela agência noticiosa iraniana Isna.

“Vilões” iranianos vs. “Heróis” norte-americanos

O filme, que retrata o processo de resgate de seis diplomatas norte-americanos que se refugiaram na embaixada canadiana, escondidos das forças rebeldes que tinham feito reféns todos os trabalhadores da embaixada norte-americana em Teerão, aquando da Revolução Islâmica de 1979, é visto no oriente como uma visão ocidentalista dos factos ocorridos, sem terem sido tidos em conta os reais acontecimentos.

Os iranianos acreditam que a produção de Hollywood distorce, de forma discriminatória, a imagem do país e dos seus cidadãos, favorecendo os agentes da CIA que são retratados como altamente heróicos e patriotas. A CNN citou as contestações iranianas a “Argo”, que defendem que o “filme ‘iranófobo’ americano tenta descrever os iranianos como descontrolados, irracionais, dementes e diabólicos, enquanto, por outro lado, os agentes da CIA são representados como heroicamente patriotas”.

Em resposta, o regime iraniano está já a preparar um filme com a sua versão dos acontecimentos. A produção chamar-se-á “The General Staff”, ou “Os Funcionários do General”, que tem já um orçamento chorudo.