A Sala Suggia da Casa da Música foi o epicentro de um concerto intimista que abalou quase mil pessoas. Com as luzes do teatro no mínimo, duas guitarras semi-acústicas e um microfone, esperavam tão pacientemente como a audiência pela entrada da figura de barba longa e voz áspera. Ouviram-se passos e, em poucos segundos, o músico norte-americano cumprimentou o público no seu melhor português com um “Olá a todos”.
Com as palmas do público ainda a soar, Sam Beam, conhecido por todos como Iron & Wine, iniciou um jogo musical com todos os presentes e que viria a durar a totalidade do espetáculo. A oportunidade dada aos ouvintes, de escolher as músicas no momento, surpreendeu quem não estava familiarizado com a relação pessoal que Iron & Wine tende a manter com as plateias dos seus concertos. Assim, a timidez impediu que imediatamente se ouvissem gritos com sugestões, mas uma pessoa ganhou coragem e Such Great Heights foi a primeira música a ser pedida.
Imediatamente, a boa disposição do artista e a sua confiança em palco foi sentida quando um erro nos acordes tocados na guitarra resultou em piadas que encheram o auditório de gargalhadas. Com a alteração dos acordes, Sam tomou a liberdade de iniciar o repertório musical com uma das suas novas músicas e tocar a faixa primeiramente sugerida em segundo lugar.
A cada última palavra cantada, uma onda de aplausos e euforia atingia o palco e um “Obrigado” fazia-se ouvir. Contrastante com a insegurança inicial do público, as pausas entre músicas passaram então a ser preenchidas por vozes intermitentes de pessoas que, a alto e bom som, lutavam para que o nome da sua música favorita chegasse aos ouvidos daquele em palco. Seguiram-se então alguns dos seus maiores êxitos, como Naked As We Came, Communication Cups and Someone’s Coat e The Trapeze Swinger.
Sempre maravilhado com o respeito e o silêncio que invadia a sala durante a performance das músicas, após uma hora e meia de concerto, Iron & Wine pousou a guitarra e expressou a sua gratidão a todos ali presentes. “Este foi o meu primeiro dia de sempre no Porto e vocês tornaram-no muito especial. Nunca me vou esquecer desta noite, por isso, muito obrigado”, disse o músico, momentos antes de abandonar o palco.
Uma ovação de pé fez o artista retornar para um encore que emocionou. Flightless Bird, American Mouth foi cantado acapella, com leves toques na guitarra a segundos do fim. Mais uma vez, Sam Beam agradeceu e despediu-se dos que o receberam no Porto.
Foi assim inagurado o Misty Fest na Invicta, que já se prepara para receber mais artistas em concertos na Casa da Música e no Coliseu. Mayra Andrade será a próxima da lista de “cantautores” a atuar, dia 4 de novembro, no Coliseu. Segue-se Maria Mendes, cantora portuense de jazz, reconhecida a nível europeu, que vai apresentar o seu mais recente álbum de originais Innocentia, a 7 de novembro, na Casa da Música. Para terminar esta série de concertos de hora marcada para as 21h, Cinematic Orchestra e Lenine subirão ao palco da Casa da Música nos dias 9 e 10 de novembro, respetivamente.
Os bilhetes para os concertos do Misty Fest, no Porto, podem ser adquiridos nos locais habituais e custam entre 15 a 30 euros.