Arrancou nas farmácias no dia 1 de março e logo no primeiro mês superou as expetativas. O projeto “Porto com + Saúde” faz parte da Associação Cura +, criada pelos estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), e tem como objetivo garantir medicamentos às pessoas que não têm dinheiro para os pagar, ao sensibilizar os utentes das farmácias aderentes.

“Nós no primeiro mês conseguimos alcançar mais lucro do que era necessário e, este mês, os medicamentos já estavam pagos mesmo antes das campanhas nas farmácias começarem”, conta ao JPN Joana Carvalho, presidente da Associação Cura +.

Segundo a estudante da FFUP as pessoas podem doar um valor monetário ou pagar um ou mais medicamentos em específico. “O que aconteceu foi que, depois dos medicamentos estarem todos pagos, as pessoas começaram a dar donativos para o fundo”, indica ao JPN.

“Caso aconteça algum imprevisto ou caso em algum mês nós não tenhamos dinheiro suficiente nas campanhas para pagar, nós utilizamos dinheiro desse fundo”, esclarece Joana Carvalho.

O projeto depende da solidariedade dos utentes das três farmácias parceiras – Farmácia Lemos, Farmácia Vitália e Farmácia Aliança. Paula Nadais, diretora da Farmácia Vitália, explica ao JPN que as pessoas “têm aderido” e que, normalmente, optam por pagar um dado medicamento: “As pessoas gostam mais de sentir que estão a comprar o medicamento”.

Já na Farmácia Aliança, “as pessoas preferem doar um valor monetário do que estar a selecionar um medicamento”, nota Sónia Correia. “É mais prático”, acrescenta a farmacêutica.

Para Joana Carvalho, o fator tempo é determinante: “Algumas pessoas até gostavam de pagar mesmo um medicamento, mas não têm tempo de ficar lá a escolher e, como querem ajudar, acabam por dar uma quantia de dinheiro. Mas quando têm tempo ficam lá e até perguntam para que serve e o que é que a pessoa tem”.

Por enquanto, o projeto está a ser incrementado no Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora da Vitória, que sinaliza os idosos com carências económicas. “É preciso fazer uma triagem mínima em termos de garantia de que as pessoas realmente precisam de apoios”, observa Sónia Correia.

Dado o sucesso da iniciativa na fase inicial, a Associação Cura + já começa a pensar na expansão: “Em princípio, nos próximos meses vamos alargar o projeto para mais farmácias da freguesia da Vitória. Para o ano, o objetivo é alargar o número de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) pela zona do Porto e conseguirmos aumentar a área que estamos a ajudar”, atenta Joana Carvalho.

Para a presidente da Associação Cura +, o balanço do projeto “Porto com + Saúde” é positivo também entre os voluntários: “Após o primeiro mês, fizemos um inquérito aos voluntários para saber a opinião deles e o ‘feedback’ foi super positivo. Acho que estão a gostar mesmo muito, porque faz parte da profissão a comunicação com as pessoas”, salienta a estudante.

Sónia Correia, da Farmácia Aliança, valoriza a dedicação dos voluntários que estão na farmácia a explicar o projeto aos utentes. “São eles que fazem a abordagem e explicam. Nós só falamos às vezes quando vemos que as pessoas ficaram um bocado céticas. Explicamos que é um projeto sério e que tem o apoio de algumas farmácias”, conta ao JPN.

Todo o trabalho da Associação Cura + é desenvolvido por estudantes voluntários, que mesmo fora da época de aulas vão assegurar a continuidade da iniciativa “Porto com + Saúde”. “Os voluntários foram todos avisados de que o projeto teria de existir no verão, assim como existe na época de exames. Nós tivemos uma época de frequências entretanto e os voluntários uniram-se e dividiram-se tendo em conta os exames que tinham. Destacamos as pessoas tendo em conta a disponibilidade delas”, explicou Joana Carvalho.

Artigo editado por Sara Gerivaz