A ideia surgiu aquando da passagem da caravana feminista da Marcha Mundial das Mulheres pelo Porto, em 2015. Nessa altura, um grupo de pessoas feministas e de associações criou o Festival Feminista do Porto, o qual decorreu durante todo o mês de outubro e contou com uma grande adesão.
Devido ao sucesso que obteve, a organização sem fins lucrativos resolveu reunir novamente uma equipa, com mais de 20 voluntários, e repetir este ano a série de eventos. Contam com algumas associações apoiantes e espaços do Porto que acolhem as diversas atividades, ao longo de março, mês escolhido este ano, por incluir o Dia Internacional da Mulher. O programa do festival envolverá várias opções, muitas delas propostas, que incluem concertos, workshops, debates, exposições e performances.
O principal objetivo da iniciativa, segundo elementos da organização, é quebrar o estereótipo de um feminismo visto por oposição ao machismo ou associado em exclusivo à homossexualidade e, em simultâneo, sensibilizar e promover a discussão de ideias sobre a igualdade de géneros e a representação da mulher na sociedade. Ana Afonso, membro da organização, acredita que o preconceito ainda está muito presente no dia a dia das mulheres, seja no trabalho, na rua, em casa e nas relações, mesmo que indiretamente ou camuflado.
Numa sociedade ainda vestida de alguns preconceitos, Sara Leão, também voluntária da equipa, fala-nos da importância destes projetos na sociedade: “Uma das realidades que é importante desconstruir, é uma visão homogénea do que é que são as mulheres. Nós queremos incluir todas as versões do que é ou não ser mulher, mas sem cair numa visão essencialista do que implica ser mulher”. “Há uma data de circunstâncias que uma pessoa vive em função do género ou orientação sexual, que não faz sentido nessa sociedade moderna, do século XXI, que nós achamos que vivemos, mas em muitos aspetos continuamos a viver de uma forma muito retrógrada”, observa.
Nesta edição o conceito associado é “Resistências e (re) Existências – os feminismo nossos de cada dia”.
A abertura do II Festival Feminista do Porto, que decorreu esta quinta-feira à noite nos Maus Hábitos, contou ainda com um concerto da banda Panelas Depressão e uma performance do grupo artístico Frik.São.
Houve ainda uma sensibilização para a recolha de donativos e de produtos de higiene íntima, que estará disponível durante todo o mês de março, através da pareceria da Slutwalk Porto (marcha feminista), afim de serem posteriormente distribuídos com a ajuda da CASA ( Centro de Apoio ao Sem Abrigo) a mulheres e para ajudar em algumas despesas de voluntários internacionais, que vão participar neste festival.
O público presente na apresentação do programa mostrou-se muito recetivo à iniciativa. Os organizadores preveem e esperam maior impacto na sociedade portuense, num tema controverso como o feminismo.
Artigo editado por Filipa Silva