O fotojornalista português Mário Cruz é um dos nomeados na categoria Ambiente do World Press Photo 2019. O anúncio foi feito no site oficial do prémio internacional dedicado ao fotojornalismo. A fotografia retrata a extrema poluição do Rio Pasig em Manila, nas Filipinas.
O título da imagem nomeada é Living Among What’s Left Behind (“Viver entre o que foi deixado para trás”, em português) e foi desenvolvida a título pessoal pelo próprio. Retrata uma criança a descansar no meio de um rio poluído, “porque algumas delas [crianças] acordam cedo, vão para o rio e só voltam para casa quando deixa de haver luz”, explica Mário Cruz ao JPN. A situação chamou-o à atenção porque “mostra a exaustão e a resignação”.
O objetivo da comunidade de Manila, que vive sem saneamento e rodeada de lixo, é a recolha de materiais recicláveis para ganhar dinheiro. O fotojornalista conta que “nunca tinha tido contacto com níveis de pobreza deste género e, sobretudo, nunca tinha imaginado um rio onde não conseguisse ver água”. O rio Pasig, retratado na fotografia, foi declarado biologicamente morto nos anos 90.
Quando questionado sobre o lado emocional dos temas que fotografa, Mário Cruz admite que “o após custa mais do que o durante”, porque é quando regressa à rotina que se apercebe de tudo o que viveu. “Tudo o que eu fotografei continua lá”, remata.
Em 2016, Mário Cruz foi vencedor do World Press Photo na categoria Temas Contemporâneos com uma reportagem sobre a escravatura infantil. Já no ano passado, o fotojornalista tinha dito também ao JPN que o World Press Photo “não passa de um concurso”, embora o prémio “evidencie o que de melhor se faz no fotojornalismo”.
Os nomeados das várias categorias no World Press Photo vão integrar uma exposição itinerante. Já os vencedores só serão anunciados em abril.
O trabalho “Talibes, Modern day slaves” deu o prémio de “Temas Contemporâneos” do World Press Photo a Mário Cruz em 2016 Foto: Mário Cruz
Artigo editado por César Castro