Porque tomar medidas avulsas “só aumenta a frustração coletiva”, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, anunciou ontem que o município prefere “aguardar pela deliberação do Conselho de Ministros [extraordinário] de sábado” para tomar decisões de combate à pandemia.

Depois de reunir a Comissão Municipal de Proteção Civil, esta quarta-feira (28), num encontro que contou com a presença dos administradores dos dois grandes hospitais da cidade, Rui Moreira registou que “estamos a viver um período crítico”, no Porto e no país, pela pressão que o grande aumento de casos de Covid-19 está a provocar sobre o sistema de saúde.

Não sendo “possível” um novo confinamento geral – porque “as consequências seriam muito graves” – é preciso, mencionou o autarca num vídeo que colocou na sua página de Facebook, “encontrar outras formas mais difíceis e morosas de debelar a pandemia”.

No dia em que os autarcas do distrito do Porto se fizeram ouvir, reclamando do Governo a passagem ao estado de emergência, para viabilizar medidas como o recolher obrigatório à escala municipal ou regional, o autarca do Porto preferiu não mencionar medidas concretas.

A bola, diz, está do lado do Executivo liderado por António Costa: “acataremos as decisões que forem tomadas, por penosas que sejam, e saberemos as competências que os municípios vão passar a ter e, em função disso, na próxima semana aqui estarei para  anunciar as medidas que tivermos de tomar e que dependam de nós”, afirmou.

Pelo meio, Rui Moreira deixou o apelo aos bons “comportamentos individuais”, à capacidade de sacrifício e à solidariedade entre todos, nomeadamente, com os profissionais de saúde e as forças de segurança: “Os que trabalham em centro de saúde falam hoje numa epidemia de violência. Queria pedir que tivessem em relação a esses profissionais, e também em relação à Polícia de Segurança Pública e à Polícia Municipal, o maior respeito possível.”

Circulação restrita a partir da meia-noite

Portugal voltou a bater, esta quarta-feira, um número recorde de casos diários (3.960) de Covid-19, mais de metade dos quais na Região Norte, que voltou, nas últimas semanas, a liderar no que a contágios diz respeito. Porto, Gaia e Matosinhos estão entre os dez concelhos com mais casos registados, em valores absolutos, nas últimas duas semanas, de acordo com os cálculos que o “Jornal de Notícias” publicou na sua edição de terça-feira. 

Valores que levaram a Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto, liderada pelo autarca de Gondomar, Marco Martins, a formalizar, esta quarta-feira, junto do Governo, o pedido para elevar o nível de alerta para o estado de emergência, para que os conselhos possam decidir sobre a implementação do recolher obrigatório

O gabinete de imprensa do primeiro-ministro fez depois saber que António Costa convocou para sábado um Conselho de Ministros extraordinário para “para definir as medidas de controle da pandemia.”

Entretanto, municípios como o de Matosinhos decidiram avançar com medidas próprias, como a antecipação da hora de fecho dos centros comerciais instalados no concelho para as 21h00, o que já motivou críticas da Associação Portuguesa de Centros Comerciais que disse ao “Expresso” que “a redução de horários poderá levar a uma maior aglomeração de visitantes” durante os períodos de abertura.

Generalizado será o encerramento dos cemitérios no Dia de Finados, 1 de novembro. Porto, Gondomar, Maia, Matosinhos, Vila do Conde ou Póvoa de Varzim são alguns dos que anunciaram o fecho, para evitar aglomerações de pessoas naqueles locais.

A isto acresce o impedimento de circulação entre concelhos que entra em vigor às 00h00 desta sexta-feira, dia 30, e se prolonga até às 23h59 de terça-feira, dia 3 de novembro.

A portaria do Conselho de Ministros entretanto publicada define as exceções à proibição de circulação, exceções essas que incluem “deslocações de estudantes para instituições de ensino superior ou outros estabelecimentos escolares”.

Ao todo, já morreram no país 2.395 pessoas vítimas da Covid-19 em Portugal.