Rush Limbaugh, o “médico da democracia” como o próprio se auto-intitulava, morreu esta quarta-feira.

A notícia foi dada pela mulher, Kathryn Limbaugh, no programa de rádio liderado pelo marido, o The Rush Limbaugh Show: “Sei que não sou o Limbaugh que esperavam ouvir hoje. É com profunda tristeza que tenho de partilhar diretamente convosco que o nosso amado Rush, o meu maravilhoso marido, morreu esta manhã devido a complicações causadas por cancro nos pulmões”.

O comentador de 70 anos era famoso pela influência dos seus programas no caminho do Partido Republicano, com ideologias radicais de direita, especialmente em relação ao feminismo, aos ambientalistas e democratas. Apoiou Donald Trump e acompanhou-o nos seus ataques aos imigrantes, principalmente os muçulmanos.

Defendia a diminuição dos impostos, o fim do programa Obamacare e desmentia as alterações climáticas. Seguindo a perspetiva adotada por Trump, também Rush desvalorizava a pandemia da COVID-19 e alegava que as eleições presidenciais de 2020 tinham sido fraudulentas, tese desmentida dezenas de vezes pelos tribunais.

Depois da morte de Rush Limbaugh, Donald Trump, na primeira entrevista desde que deixou a Casa Branca, recordou o companheiro da direita e classificou-o como “lutador” e uma “lenda”. “Ele foi muito corajoso. Lutou até ao fim”, afirmou o ex-Presidente.

Rush Limbaugh já tinha informado em 2020 que sofria de cancro nos pulmões, doença motivada pelo vício do tabaco. No mesmo ano, foi consagrado com a medalha da Liberdade, a mais alta distinção civil atribuída nos Estados Unidos.

Em declarações ao JPN, Germano Almeida, especialista em política americana, afirma que Rush Limbaugh foi, de facto, “a personalidade que desencadeou o adotar de um novo estilo de narrativa, mais mediática e inflamatória“, algo que não se via nas últimas décadas. Segundo o especialista, é graças a personalidades como Rush que este género de discurso começou a ganhar cada vez mais presença mediática.

“Houve uma espécie de aliança de Donald Trump com Rush Limbaugh, onde, de um lado, Trump, através da onda mediática de Limbaugh, conseguiu entrar na agenda política e, por outro, Limbaugh aproveitou-se do protagonismo de Trump para fazer crescer a sua popularidade”, explicou.

Nem mesmo aos que o rejeitavam passava indiferente. A sua grande capacidade de persuasão e influência era notória, capaz de sustentar a ala mais conservatória do Partido Republicano. “Incrivelmente sarcástico e sempre combativo”, como descreve o The New York Times.

Nasceu em  1951 no Missouri e a sua carreira como radialista começõu em 1971, com alguns fracassos em diversas estações.  No década de 80 destacou-se pelo discurso inflamado, durante a presidência de Ronald Reagan, que ditou o percurso nas próximas décadas do Partido Republicano. Em menos de um ano, tornou-se a personalidade republicana mais ouvida do país, seguido por milhões de norte-americanos que iam de encontro às suas ideologias radicais do conservadorismo da direita.

Ao longo da sua carreira, foi alimentando cada vez mais os discursos racistas, xenófobos e homofóbicos, divulgando teorias da conspiração, uma delas baseada na ideia de que o ex-Presidente Barack Obama não era proveniente dos Estados Unidos. A mesma teoria foi usada por Trump nos anos que anteceram a sua candidatura à Casa Branca, em 2015.

Artigo editado por Filipa Silva