Em tempos de pandemia, com a ausência do público de maneira presencial, a companhia de teatro de Coimbra AtrapalhArte, que antes percorria o país com duas peças pedagógicas todos os dias, realiza agora atividades através de transmissões online.
A companhia tem como propósito de garantir, a professores, pais e alunos, peças de teatro baseadas em obras de leitura obrigatória dos diversos anos curriculares.
Apesar de procurar atender as metas educacionais, tornando-se numa ferramenta de apoio para facilitar a compreensão sobre as obras a serem estudadas e promover o gosto e a curiosidade pela leitura, as apresentações não são exclusivas para alunos. Toda a família pode assistir às sessões da AtrapalhArte.
O trabalho realizado pelo teatro, além de percorrer Portugal continental, também atende aos alunos que fazem parte do ensino português no estrangeiro, em países como Espanha, Andorra, Suiça e Liechenstein. O objetivo é garantir acesso ao ensino e à cultura portuguesa a famílias imigrantes, residentes noutros países.
Em entrevista ao JPN, Paulo Ribeiro, responsável pela associação, caracteriza o recurso online como uma “forma alternativa de poder fazer acontecer e continuar presente no que toca escolas e alunos”, destacando que não se trata de uma substituição do teatro presencial.
A falta de contacto com o público caracteriza os novos desafios das produções realizadas, o ato de “deixar de fazer teatro para uma sala cheia e passar a fazer teatro para uma câmara de filmar”, veio seguido de mudanças nas mentalidades dos seus produtores, como ressalta Paulo.
No período presencial, os aplausos, gargalhadas e a troca de informações entre artistas e telespectadores acontecia de forma direta. Atualmente, com o modelo online, as reações do público chegam em atraso, mas continuam a fazer-se sentir.
A readaptação ao contexto atual não só garantiu o acesso a esse conteúdo educativo como amplificou e facilitou o seu consumo. De acordo com o responsável pelo AtrapalhArte, o trabalho da companhia está “muito mais à mão, basta aceder, entrar em contato connosco e ter acesso a um link que nós disponibilizamos”.
Este acesso pode ser realizado através do site da AtrapalhArte e os interessados conseguem adquirir uma ou mais peças do portefólio da companhia, para além de estabelecer dia, data, hora e até mesmo o período que em que as credencias de acesso pessoal estarão válidas.
A versão online começou a ser “sonhada” logo após o primeiro confinamento e foi colocada a prova no Dia Mundial da Criança, a 1 de junho do ano passado. Nessa data, a AtrapalhArte realizou uma transmissão de três espetáculos para um total de nove mil espectadores.
A plataforma online foi a alternativa para o teatro se manter vivo quando tudo fechou, afirma Paulo Ribeiro: “Nunca deixamos de estar na vida dos alunos, dos pais e quisemos sempre fazer parte das suas vidas escolares”.
Artigo editado por João Malheiro