Com mais de 47 mil pessoas nas bancadas do Dragão, o FC Porto superiorizou-se ao Sporting, esta quinta-feira à noite, na segunda mão da meia-final da Taça de Portugal. Os dragões asseguraram assim a presença na final da competição num clássico enfadonho e perante um adversário que se mostrou muito aquém da sua qualidade.
Os ânimos entre FC Porto e Sporting CP estão quentes desde os incidentes da 22.ª jornada do campeonato nacional e, em mais um encontro decisivo, tudo indicava que este seria um clássico escaldante.
Apesar de anulada nas competições da UEFA, a regra dos golos fora era, nesta competição, uma barreira para a formação leonina que teria de marcar, obrigatoriamente, dois golos para passar à final.
No entanto, com um golo solitário de Toni Martinez, os azuis e brancos dilataram a vantagem que tinham desde o jogo em Alvalade, estabelecendo assim o 3-1 agregado que lhes deu via verde para a final que será disputada a 22 de maio no Estádio do Jamor.
Tudo a zeros ao intervalo
Em desvantagem na eliminatória, o Sporting foi a primeira equipa a causar perigo. Matheus Reis construiu uma boa jogada individual e conquistou o canto. O cruzamento traiçoeiro de Sarabia despertou Marchesín, que sacudiu a bola. Ugarte ainda rematou, mas a bola passou ao lado.
O Sporting mantinha-se coeso defensivamente, mas com algumas dificuldades nas transições ofensivas. Contudo, a turma de Alvalade ainda assustou a equipa da casa.
À passagem do minuto 10, Paulinho isolou Sarabia e o internacional espanhol picou a bola por cima de Marchesín, mas o golo…não contou. O espanhol foi apanhado em posição irregular. Pouco depois foi Pedro Gonçalves a ameaçar e a atirar ao poste da baliza azul e branca.
Em destaque, fica também o lance de Evanilson. O avançado brasileiro escapou da defesa dos leões, mas caiu dentro da área. Porém, Nuno Almeida, árbitro do encontro, considerou simulação do jogador portista e exibiu o cartão amarelo. Uma decisão bastante contestada pelos adeptos da casa.
Em tese, a primeira parte ficou muito àquem de um clássico bonito e de bom futebol. Controlou mais o Sporting, reagiu bem o Porto, mas sempre sem brilhantismo.
O espetáculo? Esteve na maior parte do tempo nas bancadas, com os adeptos de ambas as equipas a aquecerem a noite gélida e muito chuvosa na cidade Invicta.
Sem rugido este Leão, no reino do Dragão
O Sporting até entrou bem na segunda parte. Mas como diz a expressão popular: “foi sol de pouca dura”.
Aos 50 minutos de jogo, Matheus Reis lançou a velocidade de Matheus Nunes que rasgou a defesa portista. Faltou eficácia ao médio que viu Marchesín a fazer uma das defesas da noite.
A partir daí os leões entraram em total bloqueio. Os níveis de conforto foram totalmente abaixo e o jogo dos verdes e brancos foi uma plena nulidade.
Sérgio Conceição orientou a sua armada para uma pressão alta que obrigou a equipa forasteira a um sucessivo cometer de erros e sem qualquer argumento ofensivo.
Com mais força no centro do terreno, Vitinha e Fábio Vieira, que até então estavam desaparecidos, surgiram. Tiveram mais bola e mostraram-se mais participativos.
Sem velocidade nos corredores, Rúben Amorim lançou no jogo Ricardo Esgaio, que ocupou a posição de Neto e fez subir ainda mais Porro.
Mas a força e determinação que faltava aos leões, via-se no lado contrário. Os mais desatentos diriam que o Porto precisava mais do resultado do que o Sporting.
Aos 82 minutos, o herói improvável surgiu em cena. Pepe assistiu de forma perfeita Toni Martinez que de pé esquerdo fez explodir o Dragão. O golo ainda foi anulado por fora de jogo, mas o VAR avisou Nuno Almeida e repôs a justiça.
O avançado espanhol saltou do banco apenas dois minutos antes do golo que sentenciou a partida.
Até ao final, mais do mesmo. Domínio portista, picardia aqui e acolá e ainda, a expulsão de Porro por entrada dura sobre Galeno.
O FC Porto está na final da Taça de Portugal e almeja agora a nona dobradinha da sua história.
Conscientes da vitória…e da derrota
No final da partida, Sérgio Conceição, treinador portista, assumiu que a equipa teve algumas dificuldades no plano defensivo, na primeira parte. No entanto, parabenizou os seus jogadores por terem “interpretado quase na perfeição a estratégia” que delineou para o jogo e pela excelente segunda parte: “Os jogadores fizeram uma excelente segunda parte. Tivemos mais bola, mesmo sem bola estivemos melhor”, referiu.
Com o alcançar da final, Conceição igualou o feito de Jesualdo: três finais da Taça como treinador do Porto. O técnico referiu que “os recordes valem o que valem se no fim não se ganhar nada”.
Já o treinador do Sporting, Rúben Amorim, mostrou-se consciente do jogo que a sua equipa fez, e consciente da derrota. Confrontado com o facto de o Sporting estar fora da Taça de Portugal e de ter, praticamente, deixado escapar o campeonato, o técnico respondeu: “É futebol!”.
Acrescentou ainda que “perder títulos é futebol, falta de atitude é que não” e garantiu que, na próxima época, o Sporting vai “lutar por todos os jogos”.
O FC Porto tem agora pela frente o Tondela na grande final da Prova Rainha, marcada para o dia 22 de maio, no Estádio Nacional do Jamor.
Para o campeonato, os dragões deslocam-se a Braga, na próxima segunda-feira (25), num jogo onde podem garantir, em definitivo, o título de campeão nacional. Também na segunda-feira, o Sporting CP volta à cidade do Porto, desta vez para defrontar o Boavista FC. Para que os azuis e brancos festejem já na segunda-feira é preciso que façam um resultado melhor que o Sporting.
Artigo editado por Filipa Silva