Detidos têm entre 20 e 42 anos e devem ser presentes, na quinta-feira, a um juiz. Marco ‘Orelhas’ Gonçalves, pai do principal suspeito do crime, foi um dos detidos. Advogado fala em cedência à "pressão mediática" do caso.

Igor Silva, de 26 anos, foi atacado durante os festejos do título do FC Porto.  Foto: FC Porto/Facebook

A Diretoria do Norte da Polícia Judiciária (PJ) desencadeou, na manhã desta quarta-feira (8), uma operação policial que levou à detenção de nove indivíduos, alguns com “vastos antecedentes criminais pela prática de crimes violentos”, alegadamente envolvidos no homicídio de Igor Silva ocorrido em maio, durante os festejos do título do FC Porto. Marco ‘Orelhas’ Gonçalves, pai de Renato Gonçalves, principal suspeito do crime, foi um dos detidos.

Em comunicado, a PJ sustentou que a investigação desenvolvida permitiu “recolher indícios de que os suspeitos (…) atuaram em conjugação de esforços nas agressões que provocaram a morte do jovem”. A Operação “Fim de Festa”, como foi batizada, ocorreu no dia em que se assinala um mês após o incidente que marcou a celebração do título do campeonato nacional do FC Porto.

Os nove detidos, “com idades compreendidas entre os 20 e os 42 anos”, irão apresentar-se amanhã, quinta-feira, provavelmente na parte da manhã, ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto para um primeiro interrogatório judicial e permanecerão detidos preventivamente até lá. As medidas de coação serão posteriormente determinadas.

De acordo com informação veiculada pela CMTV, todos os detidos pertencem à claque ‘Super Dragões’ e estão indiciados pela coautoria do crime.

Carlos Duarte, advogado de alguns dos arguidos, em declarações aos jornalistas à porta das instalações da Polícia Judiciária do Porto, acusou as autoridades de se deixarem influenciar pela “pressão mediática do caso” e espera que, pela mesma razão, mais detenções sejam efetuadas nos próximos dias.

Marco Gonçalves, conhecido por ‘Orelhas’, já se havia entregado às autoridades, a 16 de maio, tendo, na altura, saído em liberdade. O número dois da claque portista tinha sido, entretanto, constituído arguido no âmbito do processo.

Na madrugada do último sábado, acabou por se barricar no WC de um bar, em Gaia, e chamar a PSP, com medo de que alguns indivíduos presentes ali estivessem para se vingar do homicídio de Igor Silva.

Até hoje, apenas Renato Gonçalves, principal suspeito, estava detido na sequência do caso. O jovem de 19 anos entregou-se à polícia logo no dia seguinte ao incidente.

Dos festejos à tragédia

No dia 7 de maio, o FC Porto sagrou-se campeão nacional no Estádio da Luz. Os ‘dragões’ partiram para o clássico a precisar de apenas um empate. O lateral esquerdo Zaidu apontou aos 90+5 o golo da vitória dos ‘azuis e brancos’ que confirmou o título. O ambiente de festa contrastava com a tensão que se começava a fazer sentir na bancada destinada aos adeptos visitantes.

Marco Gonçalves terá, alegadamente, tentado agredir Igor Silva no decorrer da partida, não tendo sido bem-sucedido inicialmente. Segundo o comunicado da PJ, ‘Orelhas’ era motivado pela “retaliação por uma sucessão de agressões” entre a vítima mortal, Renato Gonçalves – filho de Marco Gonçalves – e vários familiares, na sequência de tensões entre ambas as partes que já se prolongariam desde janeiro, após um desentendimento num bar em Matosinhos.

No regresso ao Estádio do Dragão, o número dois dos ‘Super Dragões’ terá organizado uma emboscada em grupo a Igor Silva, na qual Renato Gonçalves estaria incluído. O último foi, alegadamente, o principal envolvido no homicídio. O incidente ocorreu na Alameda das Antas, por volta das 2h40 da madrugada, segundo as informações fornecidas pela PJ. O filho de ‘Orelhas’ entregou-se às autoridades, tendo sido preso preventivamente.

Igor Silva, de 26 anos, que foi assistido pelo INEM no local, não resistiu aos ferimentos resultantes dos múltiplos esfaqueamentos de que foi vítima. A namorada do jovem também foi agredida e hospitalizada, mas sobreviveu.