Com duas salas de exibição, biblioteca, galeria e filmoteca, este "símbolo" da cidade do Porto reabre as portas de cara lavada no último mês do ano. Na conferência de apresentação da programação, foram ainda adiantadas outras datas e os preços que serão praticados na bilheteira.

O cinema Batalha abriu portas no Porto, pela primeira vez, em 1947. Foto: Maria Andrade

O Batalha Centro de Cinema abre as portas aos amantes da sétima arte no dia 9 de dezembro. A data foi revelada esta quarta-feira de manhã, na conferência de apresentação daquela que será a primeira “temporada” do Batalha pós-obras de reabilitação.

Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, destacou o “grande valor patrimonial” do renovado equipamento, que considerou um dos “principais símbolos” do Porto e um espaço que a autarquia promete fazer centro da “política cultural do município”. Já Guilherme Blanc, o diretor artístico, apresentou a programação até julho do ano que vem.

Também na conferência foi avançada uma data para a conclusão efetiva das obras que ainda decorrem no edifício, e que começaram em novembro de 2019. Depois de vários adiamentos, a operação deverá estar concluída a 31 de outubro. Outra data a colocar na agenda é a de 17 de novembro: dia apontado para a abertura da bilheteira do novo Batalha.

Investimento superou os 5 milhões de euros

Inicialmente, o investimento previsto para o restauro do equipamento, que estava inativo desde 2010, rondava os 2 milhões de euros, mas o valor foi várias vezes revisto. Numa fase inicial, porque as obras necessárias se revelaram muito mais profundas do que as inicialmente estimadas, tendo sido necessário aumentar o valor definido para a empreitada no âmbito do concurso público lançado para o efeito. Depois, justifica a autarquia, ocorreram mais “imprevisibilidades” durante as obras de que são exemplo “a necessidade de reforço de elementos estruturais”, “o aparecimento de fibrocimento nas coberturas e palco” ou o encarecimentos dos materiais de construção.

Na fatura pesou ainda o restauro dos famosos frescos de Júlio Pomar (1926-2018), uma obra que foi censurada pela PIDE em 1948, pouco depois da inauguração do cinema. Os painéis do então jovem pintor, que foi preso antes de os concluir, foram mandados tapar com várias camadas de tinta pelas autoridades do Estado Novo, porque o seu autor pertencia à Comissão Central do MUD Juvenil.

Dados como impossíveis de restaurar em mais do que uma ocasião, foi já na reta final das obras que o cenário se inverteu: foi possível recuperar a “riqueza plástica” e manter a “representação de um tempo histórico marcado“, como explicou o presidente da câmara.

Contas feitas, o restauro e modernização do edifício, que é monumento de interesse público desde 2012, saldou-se nos 5,17 milhões de euros.

Duas salas, galeria e biblioteca especializada

Como prometido aquando da apresentação do projeto em 2017, desapareceu do Batalha a famosa Sala Bebé, enquanto que a grande sala, que tinha uns imensos 950 lugares, foi divida em duas. O novo Batalha passa a ter a Sala Grande, com 341 lugares, e a Sala Estúdio, com 126 lugares, ambas preparadas para passar formatos analógicos e digitais. No plano da exibição, são ainda de considerar dois foyers e uma sala-filme.

O edifício vai ainda albergar uma galeria de 65 metros quadrados dedicada às artes visuais e uma biblioteca especializada na área do cinema, aberta ao público para estudo e investigação. E uma filmoteca, um arquivo digital de filmes do Porto. O público vai poder ainda desfrutar de uma cafeteria e bar, onde também irão decorrer eventos e outras atividades, assim como uma livraria e uma loja com artigos do cinema.

Bilhetes a 5 euros

Também na conferência desta quarta-feira, foi revelado o preçário que vai ser implementado. Em relação às sessões de cinema, o bilhete normal terá um custo 5 euros. Para quem for portador do Tripass, o montante a ser pago pelo bilhete é de 3,75 euros. Ainda com um preço diferenciado, os detentores do Cartão Porto., estudantes, mais de 65 anos, desempregados e parcerias pagam 2,5 euros. As sessões família também irão custar 2,5 euros.

Como novidade, o Batalha Centro de Cinema criou o cartão ‘BFF’– Batalha Friends Forever – para que os clientes tenham acesso a todas as sessões de cinema. A adesão ao cartão tem o custo de 117 euros anuais (13 euros mensais). Para os estudantes ou pessoas com mais de 65 anos, o valor é de 90 euros anuais (10 euros mensais).

Após a conferência de imprensa, ficou já disponível o novo site oficial, onde é possível ter acesso a todas as informações sobre a reabertura. 

Rui Moreira terminou a sessão sublinhando que o novo Batalha Centro de Cinema abre as portas com o objetivo de “renovar e complementar a oferta cinematográfica da cidade”, assim como potenciar “o crescimento do setor” e o “consumo do cinema em sala entre as novas gerações”. O projeto de reabilitação do cinema Batalha é da autoria dos arquitetos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez.

Artigo editado por Filipa Silva