O maior festival de cinema contemporâneo do Porto inicia o seu nono ano a 16 de novembro. Dario Oliveira, diretor do evento, assegura uma edição repleta de diversidade, feita a pensar na cidade e com mais de uma centena de filmes. Documentário sobre a música que eternizou Leonard Cohen a abrir.

“Hallelujah – Leonard Cohen, a Journey, a Song”, filme que estreia o Porto/Post/Doc. Foto: D.R. Foto: D.R.

O festival de cinema do real volta ao Porto já esta quarta-feira (16) e prolonga-se até 26 de novembro. A nona edição do Porto/Post/Doc promete trazer o cinema, a diversidade e a atualidade a diferentes lugares da Invicta, com um programa de atividades vasto e descentralizado.

O programa deste ano inclui mais de uma centena de filmes, divididos por 12 secções temáticas, desde longas-metragens portuguesas a projetos de estudantes. No entanto, o grande tema da nona edição é a neurodiversidade, que Dario Oliveira, diretor do festival, define como “um dos pontos altos do Porto/Post/Doc 2022“. Para além de cinco filmes dedicados ao tema, também vão estar presentes vários profissionais da saúde mental que darão início a espaços de conversa. “Sabemos que a arte, não só o cinema, é uma das formas de libertação e de identificação com aquilo que nós, enquanto seres humanos, somos e queremos reconhecer no outro. E esta procura de saber mais sobre o outro é um dos pilares da programação”, explica ao JPN.

Algo que a organização deste ano tem como objetivo é também uma “aproximação ou reaproximação do público“, após duas edições marcadas pela pandemia. É através de um programa de “estreias e antestreias, nacionais e internacionais”, de filmes com temas contemporâneos e “que interessam ao público” que Dario Oliveira espera tirar o público do “sofá pandémico” e trazê-lo de volta às salas de cinema, para descobrirem o que está a ser feito em Portugal e lá fora. Salienta que “o festival foi pensado para a cidade e não só para os estudiosos do cinema e da história do cinema contemporâneo“, corroborando a ideia de que este é um evento feito para todos e com atividades e interesses para todas as idades e franjas sociais.

A “jornada” de Leonard Cohen a abrir

A edição deste ano começa onde a anterior terminou. No dia 16 de novembro, o Porto/Post/Doc 2022 arranca oficialmente no Coliseu do Porto, às 21h30, com um tributo a Leonard Cohen. O “maior ecrã da cidade” acolhe a antestreia de “Hallelujah – Leonard Cohen, a Journey, a Song”, que recorda o caminho rumo ao estrelato do homem que criou uma das músicas mais reconhecidas de sempre, tal como o processo de criação da mesma. Esta é “uma oportunidade única” de ver o filme em território nacional, dado que não existe previsão para estreia em salas portuguesas. 

“L’Art du Silence”, filme apresentado no Porto/Post/Doc 2022, na categoria de Novos Talentos. Foto: D.R.

É a partir desta antestreia (que repete dia 25 de novembro, pelas 22h00, no cinema Passos Manuel) que se iniciam os 11 dias de Porto/Post/Doc. São cerca de “12 sessões por dia”, espalhadas um pouco por todo o Porto. “Nós ocupamos oito locais da cidade, desde o auditório Ilídio Pinto, na Escola das Artes da Universidade Católica, até ao Passos Manuel, Coliseu, Maus Hábitos, as duas salas do Cinema Trindade, a Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto, o Planetário… Portanto, nós estamos um pouco por todo o lado e vamos ao encontro do público e das suas preferências”, garante o diretor.

Turismo “a esvaziar o centro”

Com expectativas controladas mas elevadas relativamente ao público, que esperam em número superior ao das edições que atravessaram a pandemia, Dario Oliveira revela que a maior dificuldade enfrentada é “fazer um festival de cinema que quer continuar a existir para além de 2022“. O facto das novas tecnologias e o entretenimento atual ser tão viciante faz com que a organização de festivais de cinema tenha de ter atenção redobrada aos seus programas, para tentarem atrair espectadores.

Acrescenta também que o turismo e a agitação do mercado imobiliário estão a esvaziar o centro da cidade, bem como a destruir o “tecido cultural” do Porto. “A liberdade com que os vendedores locais e as imobiliárias transformam o Porto é uma coisa alucinada, que está a destruir aquilo que é o tecido cultural desta cidade (…) E tudo isto decorre num espaço em que, dentro de portas, acontecem coisas extraordinárias, mas a cidade à volta vive de turistas que não nos vão visitar com certeza, porque não estão cá para isso.”

Com atividades transgeracionais e diversas, o Porto/Post/Doc espera ver as suas salas cheias a partir de 16 novembro. O programa pode ser consultado, na sua totalidade, no site oficial do evento. O passe oficial tem o custo de 50 euros, enquanto os bilhetes por sessão têm o custo de 5 euros.

Artigo editado por Filipa Silva