Na sequência de uma ordem de despejo, o estabelecimento com 65 anos fechou portas. Segundo a Câmara do Porto, o dono do café não terá manifestado interesse em voltar a abrir o estabelecimento noutro lugar.

As portas do Embaixador não deverão reabrir, nem na localização atual, nem numa alternativa. Na reunião pública do executivo da Câmara Municipal do Porto (CMP) desta segunda-feira (12) o vereador das atividades económicas Ricardo Valente partilhou com os restantes vereadores que a atual gerência do café não terá intenções de abrir o estabelecimento noutro local. “O que ele [dono do café] diz é que está a ponderar abandonar a atividade de cafetaria”, afirmou o vereador.

A informação foi partilhada na sequência de uma intervenção da vereadora socialista Rosário Gambôa, que questionou o presidente da autarquia sobre a situação do encerramento do estabelecimento da Rua Sampaio Bruno, junto dos Aliados. Tratando-se de um estabelecimento histórico, a vereadora do PS constatou que “o encerramento por despejo não pode acontecer”.

Ricardo Valente esclareceu que, ainda que o estabelecimento esteja integrado no programa camarário Porto de Tradição desde 2018 (tendo, insclusivamente, beneficiado de verbas do fundo municipal de apoio ao programa em 2020), a questão da ordem de despejo colocada pelo proprietário do espaço tem de ser resolvida em tribunal. “Temos tido várias litigências em tribunal com proprietários”, mencionou o vereador, referindo não se tratar de um caso único.

O presidente da CMP, Rui Moreira, deu o exemplo das lojas exteriores do mercado do Bolhão como possíveis espaços para alojar o café e acrescentou que, tratando-se de uma loja de tradição, não seria submetida a concurso.

Esta sexta-feira (9), o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte fez uma publicação no Facebook em que anunciava o encerramento do café Embaixador e o desemprego de 16 funcionários do estabelecimento. Segundo a publicação do sindicato, a empresa terá informado os assalariados do encerramento do estabelecimento a 7 de dezembro e alegado não ter “dinheiro para pagar os direitos dos trabalhadores”.

O Café Embaixador foi inaugurado em 1957, no edifício do antigo Banco Pinto Leite.

Recomendação da CDU para apoiar Seiva Trupe chumbada

Na reunião pública de executivo desta segunda-feira, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, propôs que o executivo se associasse ao “desafio” de continuar a exigir que o coletivo de teatro Seiva Trupe “tenha os apoios necessários por parte do Ministério da Cultura”. A recomendação contou apenas com os votos favoráveis da CDU e do Bloco de Esquerda, pelo que foi chumbada.

A companhia de teatro Seiva Trupe não foi incluída na lista provisória de entidades apoiadas pela Direção-Geral das Artes (DGArtes) para os próximos quatro anos.

Rosário Gambôa, do PS, frisou que a responsabilidade da atribuição de apoios não é do Ministério da Cultura: “Isto não é responsabilidade da DGArtes. É responsabilidade de um júri independente.” A socialista acrescentou, ainda, que o concurso da DGArtes “teve uma dotação de 148 milhões de euros. Mais 79 milhões do que no ciclo anterior.

“Não se trata de falta de verba, trata-se do resultado de um concurso”, acrescentou antes de esclarecer que o concurso está “em fase de audiência de interessados”, pelo que ainda não é conhecido o resultado final.

Rui Moreira lembrou que “a Seiva Trupe, desde tempos imemoriais, não tem sido qualificada para estes apoios quadrienais”. Apesar de manifestar preocupação com a situação da companhia, confessou: “Incomoda-me muito estar aqui a questionar o governo quando há duplicação de verbas, quando há um júri independente da DGArtes e quando esse júri não classificou a Seiva Trupe com pontuação suficiente”.

O independente revelou que a CMP está a negociar o arrendamento do antigo cinema Estúdio. No entanto, o objetivo não será o de conceder à Seiva Trupe o uso exclusivo da sala. “Vai ser disponibilizada a outras entidades no âmbito do teatro e da música”, esclareceu. Os custos com a reabilitação do espaço ficarão ao encargo da Câmara.

Vladimiro Feliz anunciou que o PSD votou contra a recomendação e alertou para o facto de esta poder “politizar” a questão.

A Seiva Trupe manifestou-se este domingo (11) na Praça do Marquês, no Porto, para protestar contra a falta de apoios da DGArtes. Em comunicado, a companhia de teatro sublinhou que a falta de ajuda estatal “coloca em causa a sobrevivência” da Seiva Trupe.

Fundada em 1973, a Seiva Trupe anunciou a suspensão de atividade a partir do início de 2023, ano em que completa meio século de existência.