Susana Santos pode receber até 172 mil euros para desenvolver um pós-Doutoramento na área da saúde pública. Apoio permite investir em formação científica e presença em eventos científicos internacionais.

A avaliação e o financiamento da ciência em Portugal conduzidos pela FCT foram alvo de polémica nos últimos anos

Os efeitos da exposição a contaminantes químicos na infância é um problema de saúde pública pouco estudado. Foto: Prévencion Fremap/Flickr

Susana Santos, que é atualmente investigadora no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), recebeu uma bolsa Marie Skłodowska-Curie, financiada pela União Europeia. O objetivo da iniciativa é apoiar a carreira dos investigadores e promover a excelência na investigação.

O projeto URBANE, com o qual Susana Santos garantiu a seleção, estuda os efeitos que a exposição ao ambiente urbano durante a gravidez e infância pode desempenhar no risco de multimorbilidade na adolescência. O valor da bolsa pode ascender a 172 mil euros. 

Susana Santos é licenciada em Ciências da Nutrição (2009) e mestre em Epidemiologia (2012) pela Universidade do Porto. Além disso, concluiu o Doutoramento em Saúde Pública, em 2017, em regime de cotutela, na UP e Universidade de Roterdão (Países Baixos).

Atualmente, é investigadora doutorada no ISPUP, especificamente no ITR – Laboratório para a Investigação Integrativa e Translacional em Saúde Populacional. Integra também o Laboratório Determinantes da Saúde Perinatal.

Um problema de saúde pública pouco estudado nos mais jovens

A sua investigação é focada, fundamentalmente, no impacto de fatores adversos no início da vida de um individuo em questões de saúde, especificamente na gordura corporal e saúde cardiometabólica da criança. A exposição a contaminantes químicos associados com o ambiente urbano, por exemplo, numa idade precoce, pode provocar doenças crónicas, numa fase mais avançada.

Trata-se de um problema de saúde pública pouco estudado na adolescência, situação que projeto de investigação URBANE pretende colmatar.

A distinção agora obtida vai permitir a Susana Santos desenvolver o projeto em questão, mas também investir na sua formação científica. Através da inscrição da investigadora em cursos e eventos científicos e da sua colaboração com grupos de investigação internacionais, deve poder expandir não só o projeto, como as suas competências.

Bolsa foi atribuída a 1235 investigadores de 80 nacionalidades

A bolsa Marie Skłodowska-Curie é inspirada pela cientista franco-polaca Marie Curie, reconhecida, mundialmente, pelo seu trabalho no domínio da radioatividade e vencedora de dois prémios Nobel. Estes financiamentos têm diversos  critérios de avaliação e pontuação, como a excelência, o impacto ou a qualidade e eficiência da implementação dos projetos. Nas etapas finais, pesam, também, outros critérios como a qualidade do supervisor científico e da instituição de acolhimento.

Na edição deste ano (2022/2023), a Comissão Europeia atribuiu um total de 257 milhões de euros para o financiamento dos projetos candidatos que cumprissem os critérios de atribuição. Foram 7044 os projetos submetidos, dos quais foram escolhidos 1235 investigadores pós-doutorados, de 80 nacionalidades – 17,5% do total de candidaturas. Os selecionados poderão desenvolver as suas investigações em 48 países espalhados pelo Mundo.

Nesta edição, as candidaturas portuguesas constituem uma percentagem de 11,4% do total das submissões.  25 investigadores nacionais receberam bolsa.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro