“Gato das Botas: O Último Desejo”, faz o incrível Antonio Banderas dar vida, mais uma vez, à mascote preferida da DreamWorks e companhia. O filme, dirigido por Joel Crawford, conquistou um lugar entre os nomeados na categoria de Melhor Filme de Animação nos Óscares.

O gato mais famoso do mundo apareceu nos nossos ecrãs pela primeira vez em “Shrek 2” (2004), tendo o primeiro filme sobre a personagem estreado em 2011. Na mais recente longa-metragem, o vilão-herói felino, conhecido pelo seu desprezo ao medo e atração pela aventura, vê-se forçado a reformar-se.  Das suas nove vidas, tem apenas uma restante. No entanto, não é de ânimo leve que aceita esta realidade.

Depois de habituado a viver como um humano, vê-se forçado a agir como um gato doméstico: de coleira ao pescoço, numa caixa de areia, a comer ração. É aí que lhe chega aos ouvidos uma oportunidade irrecusável: encontrar a Estrela dos Desejos, que, à semelhança com o Génio de “Aladdin”, concede um desejo a quem lá conseguir chegar.

Ao Gato junta-se a Kitty SoftPaws (Salma Hayek), que tão bem conhecemos, e Perrito, o cão que, se não roubou os vossos corações, é porque, provavelmente, viram este filme com um olho no ecrã e outro no telemóvel. Assim cria-se um trio improvável, como é costume na grande maioria das amizades. Neste filme levanta-se, então, a questão: é mais importante a demanda ou as pessoas com quem se faz?

Kitty, no desenrolar da ação, menciona que nunca conseguiu competir com o primeiro amor do Gato: ele mesmo. Essa premissa conduz-nos pelo verdadeiro significado do filme – e, ao longo da jornada, é realçado o interior de todos os viajantes. Com um desejo em jogo, até aquele que já tem tudo o que realmente é importante quer mais – sem olhar a peso nem a medidas.

Mas há um sentimento intenso que predomina no filme. Com apenas uma vida, o Gato das Botas é perseguido durante toda a trama por figura misteriosa. Na iminência da inevitabilidade, o protagonista é tomado pelo medo e quase toma uma decisão catastrófica.

Para além do excelente desenho e enredo, este filme conta com imensas referências de outros desenhos animados como “Alice No País das Maravilhas”, “Shrek”, “Cachinhos Dourados (na película encarnada por Florence Pugh) e os Três Ursos”, ou o Conto de Fadas de Jack Horner – incluindo até uma miragem do reino de “Bué Bué Longe”.

Sendo animação, não há maneira de um filme ser salvo pela excelente interpretação de um ator do elenco, nem propriamente pela realização, ainda que ela exista. No final, o que conta é o desenvolvimento das personagens, os cenários, desenhos e enredo. O Gato das Botas não deixa dúvidas e prima por todos esses fatores, tornando óbvia a sua nomeação.

Equipa Amizade contra-ataca com uma lição de moral

Trata-se de filme muito bem conseguido que, simultaneamente com as personagens, nos faz questionar aquilo que nos motiva e os meios que utilizamos para justificar os fins.

Muitas vezes na vida olhamos para aquilo que nos rodeia e não lhe damos o devido valor . “Gato das Botas: O Último Desejo” faz-nos perceber que o nosso ego e ambição não fazem nada mais senão deixar-nos sozinhos no mundo, se não tivermos as pessoas que amamos ao nosso lado.

Gato das Botas, Kitty SoftPaws e Perrito, também conhecidos como Equipa Amizade, partem em viagem. Depois disto, quem sabe, talvez daqui a bué bué tempo tenhamos um novo filme com que nos entreter.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira