Esta sexta-feira (24) celebra-se o Dia Nacional do Estudante. Para assinalar a data, alunos de diversas faculdades reuniram-se, em frente à Câmara Municipal do Porto, para uma ação de sensibilização, organizada pela Federação Académica do Porto (FAP).

Ao JPN, a presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas explica que o objetivo da iniciativa é apresentar as dificuldades que os estudantes estão a viver, de forma a reivindicar mudanças no sistema de ensino superior.

A preocupação com a saúde mental, por exemplo, tem crescido exponencialmenteGabriela Cabilhas afirma que, num inquérito promovido pela FAP, 74% dos estudantes tiveram um declínio significativo na sua saúde mental, devido a dificuldades financeiras.

A dirigente explica que muitos alunos consideram-se um “fardo” para as suas famílias. “Estes estudantes depois não conseguem estar totalmente focados no seu desempenho académico”, garante a responsável.

Ação de sensibilização organizada pela FAP em frente da Câmara Municipal do Porto, no Dia Nacional do Estudante. Foto: Guilherme Amaral (JPN)

A este respeito, a presidente da FAP lembra que os custos de manter um estudante no ensino superior estão “cada vez mais altos“. A dirigente académica espera assim que as famílias que têm um estudante no seu agregado familiar sejam compensados no conjunto de medidas contra a inflação. “Estas famílias precisam de atenção, e muitas vezes têm sido esquecidas”, reitera Cabilhas.

Manuel Almeida, estudante de Engenharia e Gestão Industrial na FEUP, confirma, em declarações ao JPN, que as questões monetárias causam “preocupações e stress” nos estudantes, “principalmente, estudantes de mobilidade”. 

Outra consequência da inflação é, segundo a presidente da FAP, o aumento dos alunos que optam por trazer comida feita em casa ou por comer na cantina.

Por conseguinte, verifica-se um acréscimo das filas para os micro-ondas e para as cantinas, o que gera falta de espaço para os estudantes comerem. Estas infraestruturas devem assim ser “repensadas” pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Custos das propinas dos mestrados são um problema

A desintegração dos mestrados é outro problema mencionado pelos jovens universitários. Segundo o estudante de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), André Forte, as propinas para quem tem mestrado integrado são as mesmas durante todos os 5 anos de curso. Aqueles que fazem um mestrado após a licenciatura, pelo contrário, têm custos “muito mais elevados”. 

Ao JPN, o universitário afirma que é “importante” estar presente neste tipo de ações para “defender os direitos dos estudantes e as suas causas”.

A ação organizada pela FAP visou também apresentar a academia à sociedade. “Se a sociedade não tiver a perceção e a consciência dos desafios que os estudantes têm, não conseguimos captar mais atenção pública”, garante Gabriela Cabilhas.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro