Dias depois de ter sido reeleita como presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas define como prioridade do novo mandato projetar “a voz da FAP para além do Ensino Superior”.

Gabriela Cabilhas foi eleita para um terceiro mandato à frente da FAP Foto: Federação Académica do Porto

Ana Gabriela Cabilhas foi eleita a 5 de dezembro para um terceiro mandato à frente da Federação Académica do Porto (FAP).

Em jeito de balanço do percurso feito como presidente, a estudante do curso de Mestrado em Ciências do Consumo e Nutrição da Universidade do Porto sublinha as dificuldades vividas durante os dois anos anteriores: “Fizemos um primeiro mandato ainda no contexto negro da pandemia”, recordou em declarações ao JPN.

Só depois de normalizada a situação, durante o segundo mandato, foi possível consolidar a “matriz identitária da FAP enquanto estrutura de representação estudantil, nomeadamente como uma voz crítica, consciente, atenta aos desafios que o país atravessa”.

A líder académica pretende que a FAP se debruce cada vez mais sobre “problemas transversais que dizem respeito aos jovens da academia e fora dela”, abrindo a organização à sociedade no seu conjunto.

A atividade no próximo ano, sublinha, passará também por “chamar os nossos decisores políticos à responsabilidade e que assumam os seus compromissos”, porque há reformas que têm sido constantemente adiadas.

Dificuldades financeiras dos alunos aumentam nos próximos meses

Perspetivando o futuro, Ana Gabriela Cabilhas admite que durante os próximos meses podemos assistir a um agravamento da situação económica de alguns estudantes: “Alguns reportam [à FAP] dificuldades na frequência do ensino superior, porque as famílias têm menor disponibilidade financeira”.

A presidente da FAP promete “um olhar atento” da estrutura associativa, para “reportar estes estudantes para os serviços de ação social e exigir às instituições de ensino superior que tenham respostas a situações de emergência que poderão vir a surgir. Os estudantes não podem ficar sem resposta”, sublinha, porque “o risco de abandono escolar é real”.  

Cabilhas recorda o papel desempenhado pela FAP no início do ano letivo 2022/23, quando foi denunciado o encarecimento e escassez de alojamento para estudantes na cidade do Porto e deixa o aviso: “O problema não desapareceu e irá continuar no próximo ano letivo”, até porque os apoios previstos no Plano de Recuperação e Resiliência só terão impacto a partir de 2026.

Para além da ação social, que deverá estar no “centro das prioridades”, a dirigente associativa elege o tema da “inovação pedagógica” como um dos mais relevantes para os próximos meses. “Continuamos a ensinar e a aprender na academia como no século passado. Precisamos claramente de uma visão moderna que vá ao encontro das expectativas e necessidades dos estudantes”. Neste campo, o desporto, o voluntariado e o civismo deverão ser valorizados no processo de “formação transversal” dos alunos, defende.

Primeira mulher a ser eleita para um terceiro mandato

Cabilhas foi escolhida a 5 de dezembro para continuar a encabeçar a FAP, com votos a favor de 21 das 23 associações de estudantes que marcaram presença no ato eleitoral e que integram a estrutura representativa da academia portuense.

Foi a primeira mulher a conseguir a reeleição e o segundo presidente a conseguir um terceiro mandato, algo que só havia acontecido com Diogo Vasconcelos, o presidente fundador, há 33 anos.

Para além de Ana Gabriela Cabilhas, Tiago Cruz, da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Engenharia do Porto, foi eleito como tesoureiro, e João Fonseca, da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e Carlos Alves, da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto foram escolhidos como vice-presidentes.

A FAP foi criada em 1989. É composta por 27 associações de estudantes, representando cerca de 70 mil estudantes de várias instituições de ensino superior da grande Área Metropolitana do Porto.

Artigo editado por Filipa Silva