No primeiro dia do North Music Festival, na Alfândega do Porto, diferentes gerações juntaram-se para ouvir Jafumega, Trabalhadores do Comércio, The Legendary Tigerman, Bomba Estéreo e The Chemical Brothers.
A quinta edição do North Music Festival arrancou esta sexta-feira (26), na Alfândega do Porto, num fim de tarde/noite pautados por uma euforia calma e pela presença de uma geração mais velha. Muitos dos que compraram o bilhete diário são fãs de há várias décadas de bandas como os Trabalhadores do Comércio, Bomba Estéreo ou dos cabeças de cartaz, os The Chemical Brothers.
E foi do grupo inglês o espetáculo mais impressivo em palco. Com animações de cores garridas e um forte uso de luminotecnia, os The Chemical Brothers deram um concerto marcado pela emoção dos que os viram pela primeira vez e pelo recordar nostálgico dos que os acompanham desde a sua criação, nos anos 90.
No primeiro grupo inclui-se a jovem Alexandra que, ao JPN, confessa que “nunca tinha visto ao vivo” e que o grupo “superou” as expectativas que tinha.
Já Hugo é um seguidor nato e cumpre até uma tradição: a de usar um chapéu de gladiador nos concertos do grupo inglês, que viu pela quinta vez esta noite. “Já fui a Santiago de Compostela de propósito vê-los”, conta ao JPN o entusiasta da banda de música eletrónica.
Muito rock, pouco público
As primeiras horas foram reservadas para o “bom velho” rock português, com os Jafumega – banda do Porto dos anos 80, dona de hits como “Nó cego”, “Latin’América” ou “Dá-me lume” – e os Trabalhadores do Comércio, fundados também nos anos 80 por músicos dos Arte & Ofício – são também do Porto, como sublinha o seu único álbum, “Tripas À Moda Do Pôrto” , onde constam temas como “Chamem a Polícia”.
Às bandas portuenses seguiu-se Paulo Furtado, a.k.a. The Legendary Tigerman, que assinou outro dos bons momentos do dia. Dono de uma longa carreira, o homem de muitos instrumentos subiu ao palco ao cair do noite e avisou ao que vinha: “Para quem não gosta de rock, isto é capaz de ser aborrecido”, disse.
A afirmação do rock durou toda a atuação. O concerto terminou com o artista de pé em cima da bateria, clamando “rock ‘n’ roll”, acompanhado pelo público, em êxtase.
A chuva que se fez sentir no final da tarde não abalou o ânimo dos que se deslocaram à Alfândega para ouvir música, mas não houve enchente neste primeiro dia do festival. O público escasseou sobretudo nos primeiros concertos, apesar de estarem no recinto fãs como Paulo Nogueira, que veio exclusivamente pelos Jafumega, ou o grupo de Dina, que se confessou ao JPN entusiasta dos Trabalhadores do Comércio.
Junto ao palco dominou a boa disposição, mas entre os espectadores também se identificavam pontos negativos, como a baixa afluência de público e a curta duração dos concertos, entre 45 minutos e uma hora, foram aspetos referidos com frequência, e que os próprios artistas lamentaram em palco.
Do Porto para o Porto
Feliz por voltar a subir a um grande palco na cidade natal, Luís Portugal, vocalista dos Jafumega, explicou ao JPN o seu contentamento: “Cantamos esta cidade há 45 anos, e é, por isso, um gosto tocar aqui”, até porque, sublinhou, “há alguns anos” que não o faziam.
Acrescentou ainda que o concerto foi “enérgico” e que “o público aderiu bastante”, apesar de “o set ter sido muito curtinho”. “Os nossos temas são intemporais, o que faz com que os mais novos adiram à nossa música, e isso é ótimo”, concluiu.
Uma noite com muita luz
À hora de jantar, a restauração, bastante diversificada, encheu, e as animações e serviços disponíveis no interior da Alfândega, onde constam, inclusivamente, um barbeiro e um tatuador, que tiveram bastante adesão.
Seguiu-se uma aparição literalmente brilhante. Enfeitada por néon, a vocalista dos Bomba Estéreo entrou em palco e seduziu o público, que se foi aglomerando.
Não faltaram admiradores da banda latina, que vieram vestidos a rigor para um “clima tropical latino”, conta Alex, um jovem que trouxe uma camisa de padrões florais e comprou bilhete exclusivamente por causa do conjunto colombiano.
No final de todos os concertos, que começaram sempre à hora marcada, a festa continuou no palco dos DJ, dentro da Alfândega, com música techno e muitas luzes, numa celebração da noite, que, para os que compraram bilhete diário, como Manuel Teixeira, “superou as expectativas”.