O objetivo é gerar "procura" junto das pessoas que não costumam utilizar os transportes públicos. A entrada em funcionamento desta medida deverá acontecer "até o final do primeiro semestre", segundo fonte da autarquia.

Cartão “Porto.” oferece, entre outras coisas, descontos em espaços culturais e desportivos Foto: Miguel Nogueira

O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, anunciou esta segunda-feira (22), durante a Assembleia Municipal extraordinária convocada pela CDU para discutir a mobilidade na cidade, que os portadores do Cartão ‘Porto.’ vão ter direito a 22 viagens gratuitas por ano nos transportes públicos. O autarca referiu que o objetivo é gerar “procura” junto das pessoas que não costumam utilizar os transportes públicos.

“Cada pessoa que tiver o Cartão ‘Porto.’ pode fazer 22 viagens, seja na STCP, seja na Metro do Porto“, desde que valide o título dentro da cidade, explicou Rui Moreira. Com a entrada em vigor da gratuitidade dos passes intermodais para os estudantes até aos 23 anos, a medida da autarquia, que permitia aos jovens, com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos, ter acesso a transporte gratuito, deixou de fazer sentido. Segundo Rui Moreira, os cerca de três milhões de euros que eram usados para financiar esta medida vão passar a ser gastos na iniciativa Cartão ‘Porto.’.

A entrada em funcionamento desta modalidade, que está a ser estudada pela CMP e a Transportes Intermodais do Porto (TIP), deverá acontecer “até o final do primeiro semestre“, disse uma fonte da CMP ao “Público”. As viagens serão carregadas no cartão, que oferece descontos em espaços culturais e desportivos, permite a participação em sorteios e conta com um serviço de alerta por SMS que informa, por exemplo, sobre constrangimentos de estacionamento.

Durante a sessão da assembleia municipal, o presidente da autarquia disse ainda que está a ser analisada a implementação do “transporte a pedido”, que vem no seguimento da iniciativa Táxi +65, em “zonas onde não há a possibilidade de lá chegar o transporte público“. “Vamos ter pick-up points em que a pessoa pode requisitar um táxi”, fazendo o “rebatimento com as estações de metro e as paragens da STCP”.

O presidente da autarquia ouviu, também, da oposição algumas propostas. A CDU sugere um “alargamento do passe gratuito aos maiores de 65 anos” e um aumento da faixa bus, que permita uma maior eficiência nos transportes públicos. Já a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Susana Constante Pereira afirmou ser necessário que a gratuitidade dos passes seja alargada a “todos os jovens até aos 25 anos”, “pessoas com mais de 65 anos, com mobilidade condicionada e em situações de desemprego” e os trabalhadores dos transportes. O partido propôs também “aumentar a extensão dos corredores de bus, que já foi de 33 km na cidade do Porto, tendo sido reduzido para cerca de 25 km e, agora, tem apenas 20,9 km”.

STCP ainda não atingiu os números registados antes da pandemia

Em relação à Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), o presidente da autarquia disse que o número de passageiros ainda não está nos níveis pré-pandemia, embora se tenha verificado um aumento de 7,5% em 2023, relativamente a 2022. “Estamos com 96,3% dos passageiros de 2019”, completou.

As declarações de Rui Moreira acontecem depois de o deputado da CDU Rui Sá ter dito que “o Porto não tem uma rede de transportes eficiente” e que a atividade da SCTP está “estagnada”, o que é visível no “número de viaturas, número de linhas e a dimensão das mesmas, o número de paragens e de passageiros transportados”, que pouco se alterou desde 2019. Para Rui Moreira, a razão pela qual os valores ainda são inferiores aos do período pré-pandemia deve-se à redução da procura que se verificou no centro da cidade, na sequência das obras do metro.

“Apesar dos constrangimentos, estamos a conseguir manter a STCP a flutuar”, afirmou Rui Moreira, acrescentando que “o resultado líquido da [empresa], em 2023, foi positivo no valor de 5,283 milhões de euros“. Segundo o autarca, vão entrar ao serviço da STCP, que, em 2023, transportou 73,2 milhões de passageiros, mais “46 autocarros elétricos”.