Joaquim Fidalgo defende que devemos ser mais críticos em relação ao que consumimos na comunicação social.

Hoje em dia, salvo algumas excepções, a imprensa portuguesa é considerada sensacionalista. Acha que é preciso uma revolução dentro do jornalismo para que isso possa mudar?

Acho que é preciso uma opção quotidiana. Já não acredito numa revolução no sentido de que hoje as coisas são pretas e amanhã passam a ser brancas. Julgo que deve haver, sim, uma revolução diária a fazer porque numa sociedade como a nossa, por exemplo, sociedades liberais, democráticas, não faz sentido, por exemplo, proibir os jornais sensacionalistas. Não acredito na proibição.

A mudança cabe também aos consumidores?
Acredito mais que nós os leitores, os espectadores sejamos cada vez mais críticos em relação ao que consumimos. Para isso tem que existir uma educação progressiva que deve começar nas escolas e na própria família. Em relação às escolas já começam a ser leccionadas disciplinas referente aos média e à comunicação social o que me parece importante e bastante positivo. Quanto à família, essa educação parte de pais para filhos. Se os pais só comprarem aquelas revistas chamadas cor-de-rosa é óbvio que os filhos vão ter tendência para também as ler. Mas se trouxerem para casa um jornal de referência, por exemplo, os filhos vão sentir curiosidade e vão habituar-se a consumir regularmente esse tipo de leitura.

Daniel Brandão