Dias depois de mais uma Assembleia Estatutária da Universidade do Porto (UP), que visa ter até 10 de Junho aprovada uma versão final dos novos estatutos da instituição, surgiram novas críticas, desta vez vindas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Não hã fusão, diz aluno membro da Assembleia Estatutária

Roberto Pinto, aluno da FMUP e membro da Assembleia Estatutária, nega a existência das “rivalidades” evocadas por Mário Sousa e desmente os rumores de fusões de faculdades.
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A propósito da questão da alegada fusão das faculdades, ainda em discussão, Mário Sousa, docente desta instituição, não poupou a Faculdade de Medicina (FMUP), que diz “não ter conseguido, pelos vistos, engolir o facto” de que nas Biomédicas há uma faculdade de medicina. “A FMUP tinha uma antiga pretensão de que as Biomédicas nunca deveriam ter uma faculdade de medicina”, acusa o professor.

O docente considera que a UP estará a “aproveitar” aquilo que pode ser “uma oportunidade para voltar a trazer ao de cima querelas antigas”. Afirma, ainda, que “há pessoas que reconhecem que o curso de Medicina é melhor” no ICBAS, refutando os benefícios de uma eventual fusão de faculdades.

“Desacordo profundo”

Quem não concorda é o presidente do Serviço de Ética da Faculdade de Medicina, Rui Nunes, que diz ter “excelentes relações com o ICBAS”. Sem comentar as declarações de Mário Sousa, afirma considerar o ensino de medicina no ICBAS uma “mais-valia para o Porto”, uma vez que tem contribuído para a formação de “pessoas muito credenciadas na sociedade e na medicina”. O docente da FMUP defende “um ambiente concorrencial saudável” e não as antigas rivalidades, que admite que possam ter existido “no passado”.

A base das declarações de Mário Sousa estará numa proposta que o investigador diz ter sido feita pela Universidade do Porto ao RJIES, que retiraria o ensino de medicina às Biomédicas em benefício da Faculdade de Medicina, que absorveria toda a educação nesta área. “O ICBAS ficaria apenas com biotecnologias”, esclarece Mário Sousa, em “desacordo profundo” com a intenção da UP, que considera um “absurdo”.

Uma nova reunião da Assembleia Estatutária está agendada para os próximos dias. Na sequência destas declarações, o JPN tentou contactar o director da Faculdade de Medicina, Agostinho Marques, que rejeitou fazer comentários, bem como o reitor da universidade, sem sucesso.