Um estudo realizado por cientistas alemães e norte-americanos, publicado esta sexta-feira na revista Science, procura mostrar que determinadas áreas dos oceanos estão a perder oxigénio (O2) e que essa perda poderá estar relacionada com o aquecimento global.

Tendo analisado a variação da concentração do gás de O2 ao longo de cinco décadas em sete pontos georreferenciados, a equipa de investigadores concluiu que existe nos oceanos uma região entre os 200 e os mil metros de profundidade com um nível de O2 muito baixo, chamada de zona de oxigénio mínimo. De acordo com as conclusões do estudo, algumas dessas zonas têm vindo a expandir-se.

Foram analisados três pontos no Atlântico, dois no Pacífico e um no Índico. De acordo com dados do estudo, o Atlântico foi o que demonstrou uma concentração de oxigénio mais baixa, principalmente a zona entre os 300 e os 700 metros e a zona de oxigénio mínimo no Nordeste tropical deste oceano expandiu-se em 85% ao longo de quase cinco décadas, principalmente devido ao aumento da temperatura média do mar.

Impacto para ecossistemas marinhos

O estudo, liderado pelo oceanólogo Lothar Stramma da Universidade de Kiel, na Alemanha e realizado com colaboradores da National Oceanic and Atmospheric Administration, bem como da Scripps Institution of Oceanography e do Baltic Sea Research Institute, refere que a expansão das zonas de oxigénio mínimo tem consequências graves para os ecossistemas marinhos, já que muitas espécies não conseguem sobreviver abaixo de certos níveis de O2, principalmente as espécies de médio e grande porte.

Além disso, o constante aumento do aquecimento global poderá causar uma constante baixa de oxigénio, já que a solubilidade do gás é inversamente proporcional à temperatura da água ou seja, a água quente não consegue manter tanto O2 como a água mais fria. Contudo, a circulação do oceano também pode ser uma das razões para a falta de oxigénio que se tem vindo a notar.

A expansão vertical das zonas de oxigénio mínimo poderá ter impacto nos movimentos migratórios de algumas espécies de peixes e plâncton, nas interacções entre presas e predadores, bem como na cadeia alimentar. As espécies com maior risco são aquelas que estão fixas num só lugar, como os corais, já que não se podem deslocar para regiões mais favoráveis.