A situação da Qimonda em Vila do Conde continua num impasse. Depois das informações veiculadas nos últimos dias acerca da possibilidade de um consórcio alemão liderado pela empresa Apasolar poder vir a adquirir a unidade fabril da Qimonda em Portugal, um representante da própria Apasolar já declarou que a empresa não tem capacidade financeira para tal compra. De resto, o capital social desta entidade é de apenas 25.600 Euros.

Neste cenário, tanto o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Norte (STIEN) como os próprios trabalhadores da Qimonda aguardam por novidades, sendo que a produção da fábrica de Vila do Conde se encontra em níveis mínimos.

Miguel Moreira, representante do STIEN, confirmou ao JPN o cenário de uma “redução efectiva de encomendas”, numa altura em que se aproxima o prazo máximo dado pelo gestor judicial da empresa-mãe na Alemanha para o fecho definitivo da unidade portuguesa da Qimonda (31 de Março).

A mesma ideia é reiterada por Bruno Carvalho, 22 anos, e que está desde Agosto de 2007 na Qimonda. Contactado pelo JPN, o funcionário afirma que se estão a tentar reduzir os “custos na ordem dos 60%”, sendo que a produção tem parado esporadicamente durante “algumas horas ou, no máximo, um dia”. “Não se justifica produzir material para se acumular em stock já que o preço baixaria cada vez mais. Há pessoas e máquinas paradas e existe pouco trabalho, mas a Qimonda pretende continuar a produção de encomendas de clientes mais fiéis”, explica.

“A fábrica ressente-se desse tipo de problemas, nomeadamente em relação à falta de matérias-primas com que trabalhar: “Há falta de material e dinheiro, as matérias-primas demoram a chegar e as pessoas param”, acrescenta Bruno Carvalho.

Presidente procura solução

O Presidente da República, Cavaco Silva, encontra-se nos próximos dias numa visita de Estado na Alemanha, onde tentará, para além de compromissos de ordem diplomática, sondar as autoridades alemãs para um eventual plano de salvaguarda dos postos de trabalho da Qimonda Portugal, em conjunto com o Estado português e outros investidores privados.

Futuro da Qimonda

No que toca a potenciais interessados em adquirir a Qimonda Portugal, Miguel Moreira e Bruno Carvalho optam por aguardar por mais novidades. O sindicalista do STIEN ainda acredita que se encontrem “outras parcerias” e afirma que a unidade fabril de Vila do Conde pode representar um bom negócio para empresas estrangeiras fora do âmbito da União Europeia (UE). “Apesar das notícias, a Qimonda é um negócio apetecível, com tecnologia de ponta e é provável que haja empresas fora da UE que queiram investir neste projecto”, afirma.

Já Bruno Carvalho, em risco de despedimento tal como milhares de outros colegas, confessa que as informações que surgem todos os dias de novos investidores interessados não encontram eco junto dos trabalhadores e não acredita no que o governo português possa dizer acerca deste assunto: “Já desde Janeiro que ouvimos o governo português afirmar que há muitos interessados, mas as informações não chegam aos trabalhadores. Só sabemos aquilo que nos é dito através da comunicação social e, francamente, o que o governo diz não passa de meias-verdades e exageros”, lamenta.