Em 1984, Kevin Eastman e Peter Laird criaram a primeira edição de uma banda desenhada, publicada pela editora independente Mirage, a preto-e-branco e com uma tiragem limitada. Foi o primeiro passo de uma franchise que inclui vários filmes e séries animadas, vídeo-jogos e muitos brinquedos. Vinte e cinco anos após o seu surgimento, com uma nova série animada e um recente filme em CGI, as Tartarugas Ninja continuam a ser um sucesso considerável.

A primeira grande explosão de interesse em Leonardo, Raphael, Donatello e Michaelangelo, os quatro anfíbios com aptidão para as artes marciais, ocorreu no fim da década de oitenta. Em 1987, o desenho animado “Teenage Mutant Ninja Turtles” fez a sua estreia na televisão americana, tornando-se rapidamente um sucesso à escala mundial e continuando por dez temporadas.

Em 1990, o primeiro de três filmes live action (com as tartarugas a cargo da Jim Henson’s Creature Shop, um projecto do homem responsável pelos “Marretas” e pela “Rua Sesámo”) chegou às salas de cinema, facturando um total de 200 milhões de dólares à escala mundial.

A “febre” pelos guerreiros ninja com apetite insaciável por pizza resultou também em quantidades gigantescas de merchandise – tudo desde toalhas de praia até mochilas, copos e peluches vinha estampado com as caras das tartarugas. E, claro, muitos brinquedos.

A paixão pelas figuras

Foi através das figuras, trazidas pelo tio de uma viagem, que Francisco Abrunhosa, um jovem entusiasta de action figures, conheceu a série. Discursando sobre as personagens, Abrunhosa confessa ao JPN que a sua predilecção inicial foi para o vilão Shredder “porque era o tipo fixe que estava rodeado de gajos idiotas”. O coleccionador lembra-se até de ter pedido “o boneco do mau” e ter ficado desiludido quando os pais lhe trouxeram o capanga Bebop.

Apesar de, com a idade, ter largado a preferência pela série, a paixão de coleccionador faz com que Francisco continue a caçar personagens das Tartarugas Ninja. “O toy dealing em Portugal não é propriamente organizado como nos EUA e no Reino Unido” explica Francisco. Como tal, as action figures são vendidas principalmente “ao quilo” em feiras por “gajos de quarenta e tal anos” para quem “é tudo igual”.

“Por um lado isso é bom, porque arranjas as figuras muito mais baratas que se fores online“. Por outro, “encontrar personagens secundárias” torna-se “mais complicado”, refere o coleccionador.

Carlos Leituga, artista de webcomic e blogger de vídeojogos, encontrou as Tartarugas Ninja como tantos membros da sua geração: “A série de televisão tinha lançado o seu feitiço sobre mim”. Como gamer, as primeiras experiências foram com “o primeiro título da NES” e “a versão de Arcada do ‘Turtles in Time'”, o primeiro videojogo de Carlos que “suportava quatro jogadores simultaneamente”.

Numa carreira que vai das primeiras consolas da Nintendo até à Wii, Leituga elege “Turtles in Time” como um dos melhores jogos, enquanto que compara a versão Mega Drive do “Tournament Fighters” a “testemunhar um acidente de carro e não poder fazer nada”.

O jubileu

Na televisão, na Internet ou nos videojogos as Tartarugas Ninja continuam hoje a ter um sucesso considerável. Segundo Vasco Carmo da livraria de B.D. Mundo Fantasma, a banda desenhada das Tartarugas, depois de anos de produtos “muito pior desenhados” está outra vez de boa saúde, com o “aparecer de uma onda referente às turtles“.

Hilária Pinto Pereira, empregada na loja de brinquedos Centroxogo, afirma que brinquedos da nova série são “sempre uma das coisas que se vendem mais entre as crianças a partir dos sete”.

No entanto, os velhos adeptos não se mostram tão entusiasmados com a incarnação das tartarugas com nome de artista. “Mão entendo porque insistem em recuperar todas as franchises de sucesso do passado”, desabafa Francisco Abrunhosa. Questionado acerca do próximo jogo para a Wii, Carlos Leituga conclui: “não me soa muito a amor, mas sim a franchise a ser excessivamente ordenhada.”